ISSN 2359-5191

21/05/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 41 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Previsão do tempo: daqui a 100 anos, não choverá na Amazônia

São Paulo (AUN - USP) - Como decorrência do aquecimento global e do efeito estufa, estima-se que haverá uma diminuição no índice de precipitação na divisa da Amazônia com áreas do nordeste e centro-oeste brasileiros, uma grave decorrência para uma vegetação que tem como característica mais marcante o fato de ser hidrófila.

Pelo nível que os índices de concentração de gás carbônico – o principal gás estufa – e variação na temperatura global alcançaram, a previsão mais ingênua de alteração de temperatura traz um aumento de 0.5°C em 100 anos enquanto que a previsão mais catastrófica prevê um aumento de 3,75°C no mesmo período de tempo. O mais plausível, porém, é um aumento de 2,8°C. De todo modo, o efeito estufa trará conseqüências para o futuro; é um efeito dominó que pode culminar com a seca na Amazônica.

O que aqui é tido como maléfico, o pesquisador do Instituo Oceanográfico da USP, Paulo Simionatto Polito, faz questão de relembrar que tem causas naturais e é essencial para a vida na Terra. O efeito estufa – que é causado principalmente pelo vapor d’água, variável que não conseguimos regular – permite que a temperatura do globo seja amena, e não os -18°C que teríamos caso o calor não ficasse retido na atmosfera.

Sabendo que o efeito estufa, a principal causa do aquecimento global, é natural, torna-se concebível que um ser unicelular possa agir com certo grau de importância nesse equilíbrio? Polito diz que o aumento nas temperaturas segue uma equação com inúmeras variáveis. E a dinâmica biológica é uma delas. O pesquisador relembra o abalo ocorrido entre 1998 e 1999 no chamado La Niña que modificou toda a estrutura térmica do planeta: e o principal culpado foi o fitoplâncton. Devido a condições propícias à reprodução, os fitoplânctons multiplicaram sua população, se desenvolveram e morreram em aproximadamente seis meses. Foi o equivalente a um terço da biomassa da Floresta Amazônica surgindo e desaparecendo em questão de meses. Para entender o aquecimento global, de modo mais pleno, adicionam-se algumas outras variantes. “São muitas variáveis [a serem estudadas para entender o efeito estufa]. Os melhores computadores do mundo estão trabalhando para compreender essa dinâmica”, diz Polito.

Além de causa natural, efeito estufa e aumento de temperatura são cíclicos. Se analisados em tempos geológicos, Polito mostra que outros aquecimentos globais já ocorreram. Isso significa dizer que, além de ter causas naturais, o aquecimento global por ele mesmo já é natural. Assim como é natural o aumento da concentração de gás carbônico durante esses momentos. Os últimos milhares de anos seguiam uma tendência de aumento tanto na concentração de gás carbônico quanto na temperatura do globo.

Os dados que se têm, porém, mostram uma incongruência nas equações naturais para o aquecimento global: a variação tem sido maior do que deveria. Após um determinado momento – a revolução industrial –, houve uma elevação de temperatura e concentração de gás carbônico em decorrência de ações antropogênicas. Apesar de empiricamente provado, carece-se de precisão na obtenção dos dados para melhor contornar o problema. De todo modo, ao que tudo indica, a Floresta Amazônica passará por dias de sol e sem chuva daqui a cem anos.

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