ISSN 2359-5191

13/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 53 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Busca de superioridade faz das Olimpíadas um campo de guerra

São Paulo (AUN - USP) - Os Jogos Olímpicos foram apropriados pelos Estados nacionais, segundo a professora Kátia Rúbio, tornando-se uma vitrine política, seja para o bem ou para o mal. Kátia, que coordena o Grupo de Estudos Olímpicos da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), observa as Olimpíadas como um espelho da sociedade cuja competitividade faz dos jogos um campo de guerra para as nações.

Kátia considera “ingênuo pensar Olimpíadas sem política”, ambas sempre caminham juntas. Os valores olímpicos são permeados por interesses políticos de afirmação de superioridade, visto que a competição esportiva privilegia o melhor e o mais forte.

Na era moderna dos Jogos Olímpicos, essa superioridade é almejada pelos Estados nacionais, os quais fazem do esporte um meio para autopromoção; o esporte passa a assumir importante papel dentro da política dos Estados. Desejosos por status e poder, esses Estados buscam, pois, o embate esportivo. Conforme Kátia Rúbio, as quadras, os campos, as pistas e outras arenas olímpicas constituem fronts de batalha. Metaforicamente, as Olimpíadas são um campo de guerra.

Nessas “guerras modernas”, os soldados-atletas são utilizados como forma de propaganda, pois a supremacia do campeão olímpico advém do trabalho político de sua nação. Assim agiu o nazismo de Hitler na tentativa de provar a superioridade da raça ariana durante as Olimpíadas de Berlim em 1936. Apesar de a Alemanha ter alcançado o primeiro posto no quadro de medalhas, a estratégia propagandista de Hitler foi frustrada pelo astro negro norte-americano Jessé Owens, que subiu quatro vezes ao ponto mais alto do pódio olímpico de Berlim e derrubou a “superioridade ariana”.

Kátia Rúbio, porém, não acredita que as Olimpíadas possam incitar sentimentos xenófobos, pois a competitividade esportiva é apenas um reflexo dos valores sociais. Dizer que os Jogos Olímpicos são um germe da xenofobia é o mesmo que dizer que a disputa por um emprego também o é.

Já na Antigüidade, essa superioridade se via no ritual de culto aos heróis e aos deuses. As olimpíadas, pois, não tinham esse caráter político-nacionalista da atualidade, mas era a busca da demonstração da virtude, visto que na Grécia helênica o esporte fazia parte da estrutura de construção do cidadão. Os jogos olímpicos eram, antes de tudo uma celebração competitiva de superação de limites.

Apesar de toda a política que permeia as Olimpíadas, Kátia ainda vê o atleta como protagonista, assim como na Antigüidade. Nos jogos Olímpicos, o esporte ainda constitui o espetáculo.

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