São Paulo (AUN - USP) -“A gente falava pra nossa mãe que decidiu prestar estatística e ela perguntava se era pra trabalhar no IBGE.” Segundo os organizadores da Oitava Mostra de Estatística do Instituto de Matemática e Estatística, mesmo depois de entrar na faculdade, persiste certo desconhecimento sobre as inúmeras opções profissionais que a curso de Estatística pode trazer ao aluno.
A professora Ângela Tavares Paes falou a um auditório repleto de alunos sobre um dos caminhos que se abrem na estatística, a bioestatística. Atualmente ela trabalha no Setor de Estatística Aplicada da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e no Centro de Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Segunda a professora, a estatística existe na saúde há mais de 150 anos, mas nos últimos cinqüenta houve um aumento significativo do diálogo entre essas áreas. Para ela, isso se deve, principalmente, ao aprofundamento que as pesquisas recentes recebem e o cuidado com seus resultados antes da divulgação ou da aplicação em humanos.
O profissional da Saúde já não tem mais como escapar da estatística ou como fazer uma análise pouco aprofundada, que não exija um profissional da área, ou mesmo um curso de estatística – o curso ministrado pela professora na Unifesp é direcionado a profissionais de todas as áreas do conhecimento, procurando dar noções de análise e amostragem a qualquer profissional que realize uma pesquisa.
Os pesquisadores, por sua vez, acabam se inserindo em outra área também por exigência externa. As bancas examinadoras estão cada vez mais rigorosas com suas análises. Já não se contentam apenas com o método descritivo e exigem aprofundamento e propriedade.
A popularização da análise estatística também se deve ao aumento dos programas estatísticos, que tornam mais fácil o trabalho com uma grande quantidade de dados e com o aumento do número de variantes. No entanto, mesmo com as novas possibilidades oferecidas pelos computadores, ainda é necessária a ciência de um estatístico para lidar com cada programa e cada dado. Segundo Tavares, alguns pesquisadores acreditam ser possível “pular a etapa” estatística ao simplesmente jogar os dados em um programa.
Alguns resultados dessas fórmulas inapropriadas chegam a ser engraçados. Uma pesquisa que averiguava os efeitos de uma cirurgia depois de dois anos, ao lidar com as variáveis altura e idade, em adultos, chegou ao preciso dado de que 100% dos operados tinham exatamente a mesma altura e eram dois anos mais velhos! Outra amostra estatística comparou-se ao feito da descoberta cientifica: encontrou seres humanos com mais de 700 anos!
Apesar dessas engraçadas exceções, Tavares salienta que a estatística na saúde tem crescido e promete crescer mais, valorizando o profissional que atua na área, sem aumentar significativamente o seu salário.