ISSN 2359-5191

04/12/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 138 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Iniciação Científica propõe a reciclagem de celulares

São Paulo (AUN - USP) -De supérfluos, passaram a essenciais. De analógicos a digitais. De grandes e pesados a nano-aparelhos. Antes serviam apenas para fazer ligações rápidas, mas com eles, já é possível assistir TV, mandar mensagens, tirar fotos e ouvir músicas. Com toda essa evolução tecnológica, os aparelhos celulares tornam-se rapidamente obsoletos e acabam ganhando um destino inadequado, indo aos aterros sanitários junto com o lixo doméstico. Esse descarte inconseqüente pode gerar sérios impactos ambientais.

Para solucionar esse problema, em seu projeto de Iniciação Científica, a estudante de Engenharia Química da Poli-USP, Mariana Ferian Maioli, orientada pelo professor Jorge Alberto Tenório, defende que materiais como metais, plásticos e vidros presentes nos celulares podem ser reaproveitados. Com a reciclagem desses itens, ocorreria a diminuição do volume de lixo eletrônico, preservação de recursos não renováveis e, ainda, evitaria a poluição dos solos por materiais pesados presentes nas baterias dos aparelhos eletrônicos.

Hoje, no Brasil, há cerca de 130 milhões de celulares, que são usados em média por dois anos. Mais milhões de computadores, pilhas, lâmpadas, televisores, rádios, CDs, DVDs formam o chamado e-lixo, que nos aterros sanitários liberam substâncias como chumbo, cádmio, arsênio e mercúrio. Esses metais pesados se infiltram no solo, comprometem os mananciais e, assim, entram na cadeia alimentar, podendo causar diversos tipos de câncer, problemas no sistema nervoso central, nos rins, no fígado e nos pulmões. Além disso, equipamentos eletrônicos são normalmente feitos de PVC e outros materiais, que demandam séculos para se decompor.

Já especificamente nos celulares, há presença de cobre. Segundo Mariana, “ a tendência mundial apresenta uma crescente demanda por esse metal”, por isso, é essencial alcançar a sustentabilidade desse uso, por meio da reciclagem de cobre presente em aparelhos eletrônicos obsoletos. Esse processo é feito a partir da moagem das Placas de Circuito Impresso - “nós recebemos celulares obsoletos doados por fabricantes. Realizamos primeiro a desmontagem manual para isolar as placas de circuito impresso do restante da carcaça plástica e da tela de cristal líquido. Após isso, damos início aos processos de moagem. Em seguida fazemos a separação magnética e aos ensaios de lixiviação em laboratório em diversas condições visando a recuperação do metal”, diz Mariana.

O cobre é um dos metais menos abundantes na crosta terrestre e, em muitos casos, é encontrado combinado com ferro, carbono e oxigênio. Por ser um bom condutor de eletricidade e calor e por possuir propriedades maleáveis, o cobre é um metal largamente utilizado na produção de cabos elétricos. Segundo a aluna de graduação, “a reciclagem de metais é compensatória, pois a produção secundária de metais exige menos energia que a produção primária e, além disso, os metais mantêm as suas propriedades após a reciclagem, diferentemente da maioria dos polímeros, por exemplo”.

O projeto de Mariana Maioli foi uma das três pesquisas premiadas pela Associação dos Engenheiros Politécnicos no 3º Prêmio AEP - Poli de Iniciação Científica. O concurso visava contemplar alunos que pesquisassem temas compromissados com a proteção do meio ambiente e sustentabilidade. A aluna e o professor ganhadores receberam um prêmio de R$ 12 mil, distribuídos igualmente, que compreende passagens aéreas e ajuda de custo para se manterem durante uma viagem à Instituição de Ensino e Pesquisa, na França. Já os outros dois premiados, foram contemplados com um notebook cada.

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