ISSN 2359-5191

04/12/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 138 - Economia e Política - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pico do petróleo terá conseqüências em longo prazo, diz geofísico

São Paulo (AUN - USP) - A cada dia, o mundo traça as condições que, em menos de duas décadas, projetarão um novo colapso do setor produtivo em petróleo. O pico do petróleo – ou seja, o auge da produção global – deve ocorrer perto de 2025, quando, então, a produção tenderá a cair de maneira gradual, até o esgotamento das reservas. A partir daí, as alternativas energéticas da maioria dos países desenvolvidos possivelmente serão o carvão e o gás. Essas são as previsões apresentadas na palestra "Energia: um desafio global", ministrada por Ivan Vasconcelos, bacharelado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e doutor pela Colorado School of Mines.

De acordo com as projeções apresentadas, o petróleo, hoje responsável por 40% da demanda energética global, deve durar por mais 40 anos. Já o gás deve durar o dobro, e o carvão terá mais 164 anos pela frente. Para ilustrar a alta demanda atual por petróleo, Ivan afirma que o petróleo de um campo recentemente descoberto no Golfo do México, equivalente a três a 15 bilhões de barris, duraria apenas dois meses no mercado americano (supondo que todo o petróleo do campo fosse extraído de uma só vez). Nessas estimativas, considera-se o consumo como sendo de dez milhões de barris por dia.

No entanto, o geofísico ressalta que, depois de 40 anos, não são todas as reservas de petróleo que terão se esgotado. Ainda restarão as reservas de petróleo pesado – bastante denso, cuja extração na superfície é bastante difícil. A extração requer a injeção de vapor de água em altas temperaturas, para diminuir a densidade do petróleo, e a injeção de nitrogênio líquido para criar uma barreira de impermeabilidade. Tudo isso resulta em um alto custo de produção. Dessa maneira, antes das reservas de petróleo pesado, as tendências apontam para o carvão e o gás natural como fontes energéticas no futuro.

Mas, em relação a essas fontes, também há ressalvas: tanto a produção quanto a utilização dessas energias emitem uma grande quantidade de gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Para cada megawatt/hora de energia produzida, o carvão libera 250 toneladas de gás carbônico, e o gás fica responsável por 150 toneladas. De acordo com o Intergovernamental Panel on Climate Change, relatório ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2007, se mantidas as atuais taxas de emissão de gás carbônico, as temperaturas terrestres poderiam aumentar 4ºC até 2100.

Ivan explica que, apesar de parecer insignificante, esta variação na temperatura é equivalente à que desencadeou as duas Eras Glaciais há milhões de anos. Atualmente, esses 4ºC a mais provocariam o degelo das calotas polares, o que representaria um acréscimo de 40 centímetros ao nível do mar. A situação é alarmante, já que, a título de exemplo, Bangladesh e seus 150 mil habitantes poderiam ficar submersos.

Uma saída para neutralizar as altas emissões de poluentes pela produção e consumo de gás e carvão é o chamado "seqüestro de carbono", em que o gás é capturado e "enterrado". Mas Ivan ressalta que, para surtir feito, seria necessário seqüestrar cerca de três gigatoneladas de gás carbônico ao ano – o que equivale à capacidade de 3500 plataformas de petróleo.

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