São Paulo (AUN - USP) - “Barulho, poluição, trânsito, aglomeração e grandes construções”. Essas são as principais imagens citadas pelas pessoas que tentam descrever as metrópoles. Aquela idéia ligada à produção fabril que guiou o surgimento das cidades durante a Primeira Revolução Industrial já não faz mais sentido.
Naquela época, as cidades tinham como principal função concentrar mão-de-obra e mercado para as indústrias. Hoje, a história mudou. O economista, Ciro Biderman, em palestra na Faculdade de Economia e Administração da USP, afirmou que “na configuração atual, as indústrias saem das grandes cidades e dão lugar à produção de alta tecnologia”. Ele considera que atualmente, as cidades são centros de disseminação idéias.
Essa desconcentração industrial teve início, no Brasil, na década de 80. Até os anos 70, a região metropolitana de São Paulo era responsável por cerca de 80% do valor da produção de todo o Estado. Já nos anos 90, aconteceu o esvaziamento do território metropolitano e as cidades do interior passaram a atrair as indústrias, por oferecer condições mais vantajosas como mão-de-obra barata e incentivos fiscais.
Hoje, a região da capital paulista é responsável por menos de 60% da produção industrial do Estado. Porém, a cidade ainda tem um papel diretor na dinâmica espacial e sócio-econômica. Ela executa o comando das atividades ligadas à produção e à gestão da informação, que agora faz da metrópole paulista um importante centro informacional.
As melhores universidades brasileiras estão concentradas em grandes centros produtores de tecnologia. Regiões como a de São Paulo, São José dos Campos, Campinas e Ribeirão Preto são pólos de disseminação de idéias e pesquisas acadêmicas. Nessas regiões estão instaladas centros de excelência e desenvolvimento. Tanto é assim que, os dez maiores centros urbanos do país são responsáveis pelo registro de 80% das patentes de produtos em território nacional.
Para o professor da Escola Politécnica da USP, Orlando Strambi, as metrópoles enfrentam uma disputa por espaço. Essas grandes cidades só existem porque há a demanda por proximidade. “As pessoas demandam por estar juntas. Querem um local onde seja possível a troca de idéias sem que haja grandes distâncias entre as pessoas.”, diz o especialista.
As metrópoles perderam as características que fizeram delas centros globais de produção industrial no começo do século passado. De fato, hoje, elas são clusters de aprendizado e especialização, e é justamente por isso que elas não deixarão de crescer. “Por essa expansão ser inevitável, temos que fazer a cidade crescer para o lado certo, orientando as diretrizes do trânsito, poluição e intensificando a troca de idéias e informações”, conclui Orlando Strambi.