ISSN 2359-5191

01/04/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 04 - Educação - Centro de Práticas Esportivas
Futebol possibilita inclusão a portadores de Down

São Paulo (AUN - USP) - No dia 21 de março, a descoberta da Síndrome de Down completa 50 anos. A anomalia é causada pela existência de um terceiro cromossomo no que deveria ser o par 21. Avanços científicos proporcionam maior longevidade e o portador tem maior aceitação na sociedade. Exemplo disso é uma turma de cerca de 20 alunos portadores de deficiência mental, de todas as idades, a maioria com Síndrome de Down, que joga futebol duas vezes por semana com garotos não-deficientes de 12 a 14 anos, no Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE-USP).

O projeto, comandado pelo professor de Educação Física Maykell Araújo Carvalho desde 1996, tem como objetivos o desenvolvimento da capacidade motora e maior inclusão social. “O curso oferece uma prática esportiva que vai além do jogo em si. Ou seja, propõe um espaço de convívio com as diferenças, de respeito e tolerância aos modos de ser e de se expressar de cada um”, afirma Maykell.

Os parentes, principalmente os pais, são os maiores entusiastas. Regina Passig, mãe de Pablo, aluno do curso e portador da Síndrome de Down, acompanha os treinos sempre que pode. Para ela, a importância da atividade não fica apenas no exercício físico e na melhora da saúde. “É maravilhoso, aqui eles se sentem como craques, como se fossem jogadores de futebol mesmo. Isso é ótimo para a auto-estima, para eles estarem felizes”.

O clima de amizade e descontração entre alunos e professor é evidente. Cada um que chega cumprimenta todos os outros com, no mínimo, um abraço apertado e gozações sobre o último jogo do time pelo qual torcem. Segundo as próprias mães, é característica dos Down serem bastante afetivos. “A relação deles é muito boa. Eles já criaram muitas amizades aqui”, afirma Dirce Guimarães, avó do aluno Antônio, também portador de Down. O neto de Dirce é um dos mais animados: “É muito bom jogar futebol. Eu adoro”, diz Toninho, como é conhecido pelos amigos.

Apesar dos mais de 13 anos de êxito, o projeto no CEPE-USP com o futebol ainda é uma exceção no Brasil. “Como o Pablo gosta muito de futebol, eu sempre procurei um lugar para ele jogar, mas não encontrava nada, mesmo aqui em São Paulo”, diz Regina. Dirce completa dizendo que “há oportunidades para outras atividades como teatro e outros esportes, mas o futebol é difícil de encontrar.”

O professor Maykell explica que mais iniciativas como essa não são difundidas pelo preconceito e pela importância dada à competição no meio esportivo. “Além de acharem que não dará certo por eles terem suas limitações, o problema é que o esporte como recreação é deixado de lado pelos centros esportivos e clubes, que só pensam em competir, em revelar talentos.”

As atividades ocorrem todas quartas e sextas-feiras, das 14h30 às 16h, no campo 2 do CEPE-USP. Mais informações pelo telefone 3091-3361 ou pelo site www.cepe.usp.br.

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