ISSN 2359-5191

16/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 36 - Sociedade - Centro de Preservação Cultural
Política de museus da universidade brasileira é inexistente

São Paulo (AUN - USP) - A grande maioria das universidades brasileiras desconhece a responsabilidade pelo patrimônio museológico que abriga, acusou Maria das Graças Ribeiro, professora da Universidade Federal de Minas Gerais. A convidada da VII Semana de Museus da USP, ao falar da importância do museu para a sociedade, acabou criticando a inexistência de políticas da universidade em geral para cuidar de seus museus. “Quando o museu cresce, acaba sendo por esforços pessoais ou de pequenos grupos, não por causa de uma política museológica,” criticou.

Um dos principais problemas decorrentes da situação, segundo ela, é a falta de autonomia dos museus departamentais da universidade. Alguns deles, ligados diretamente a departamentos, e não à Reitoria da Universidade, têm que disputar verba e espaço dentro da própria unidade de ensino. Alguns museus departamentais da USP são o Museu de Anatomia e o Museu de Geociências da USP, cuja autonomia é diferente dos estatutários como o Museu de Arte Contemporânea e o Museu Paulista, ligados à Reitoria e à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão.

A setorização interna dos museus é outro fator problemático. Isso dificulta o desenvolvimento de projetos conjuntos e o compartilhamento de informações, que poderiam ser estimulados por uma política integradora. A união de cerca de seis museus da USP sob o nome de Museu de Ciências, segundo sua tese, pouco ajuda se eles não conversam entre si. “Museus solitários sem articulação não dividem recursos nem compartilham idéias”, disse.

Além disso, disse Maria das Graças, há a freqüente troca de cargos administrativos. Isso costuma interromper a continuidade de projetos de longo prazo. A aquisição de acervos é um deles, pois o período de composição de coleções grandes pode ser superior à validade de mandatos de gerência. “A gestão dos museus por profissionais sem conhecimento museológico também é um problema”, adicionou a professora, ressaltando a importância dos estudos para a compreensão do papel do museu na sociedade.

Carlos Roberto Brandão, pesquisador do Museu de Zoologia da USP, explicou a importância dos museus universitários e, por extensão, das políticas que os desenvolvam. Segundo ele, os museus universitários têm uma ampla gama de vantagens sobre os museus comuns. Os processos de aquisição de acervo de acordo com curadoria científica, manutenção, estudo científico e documentação do acervo podem ser realizados pelas próprias pessoas da universidade. “Somente numa universidade existem, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, o universo de habilidades profissionais e acadêmicas que possibilitam as atividades do museu”, explicou.

Para Maria das Graças, somado ao apoio das Universidades aos museus, falta a ajuda do Ministério da Cultura e da sensibilização do Ministério da Educação para a importância dessas instituições. Os órgãos podem contribuir com recursos que confiram mais autonomia aos museus, disse ela. “O MEC praticamente ignora a existência de museus, inclusive os de Universidades Federais que pertencem a ele”, completou o professor Brandão.

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