São Paulo (AUN - USP) - Um quebra-cabeça de cenas com muitas diferentes opções narrativas na mesma história. Você se torna um interator, um co-autor e com o controle remoto pode decidir o destino das personagens. O Blu-ray interativo Play Smoking/No Smoking experimenta novas possibilidades na linguagem cinematográfica. É parte da tese de Doutorado de Maurício Taveira, defendida recentemente na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA).
O pesquisador fez uma remontagem dos dois filmes analógicos Smoking e No Smoking, do diretor francês Alain Resnais. Desmonta a narrativa linear e cria uma estrutura narrativa no meio digital, com ferramentas virtuais para que seja possível, pelo controle remoto da TV ou um clique do mouse, escolher o que acontecerá com os personagens. Ele analisa os impactos que as mídias como o DVD-ROM e o BLU-RAY-ROM podem causar no cinema.
No Blu-ray interativo Play Smoking/No Smoking por meio de interfaces gráficas o espectador tem o poder de escolha enquanto a narrativa transcorre. Para Maurício, a inserção das mídias digitais no cinema amplia o campo de experimentação estética e de linguagem: “Elas permitem ao cinema construir narrativas interativas e contar outras histórias, quem sabe”.
Maurício cita obras como Pulp Fiction e 21 Gramas, que propuseram narrativas não-lineares ainda num meio analógico e sem interatividade.Os filmes Smoking e No Smoking simulam interatividade e oferecem cada uma delas, seis finais. “Mas elas fracassam quando obrigam o espectador a seguir os doze finais possíveis da narrativa, o espectador não tem o poder de escolha”.
A proposta de Maurício Taveira vai muito além de fuçar nos extras de um DVD e assistir uma opção de final que foi descartada pelo diretor. Não é um video-game, nem um CD-ROM, trata-se de um experimento que mescla tudo isso. “Ainda estamos na pré-história dessas mudanças, mas já é possível arriscar que as narrativas da linguagem do cinema vêm aos poucos incorporando parte desses elementos”, afirma o pesquisador.