ISSN 2359-5191

03/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 06 - Sociedade - Centro de Estudos da Violência
Banco de dados permite monitorar direitos humanos

São Paulo (AUN - USP) - Possibilitar respostas a questões sobre graves violações aos direitos humanos é o que busca o Centro de Estudos da Violência (CEV/USP). Para isso, há um banco de dados baseado na imprensa que existe desde 1994 e cobre a história de São Paulo de 80 até os dias de hoje. Este arquivo que é alimentado diariamente com recortes que se refiram a casos de execução sumária, como pistolagem, chacina, crimes de autoria desconhecida, tráfico de drogas, ou ao envolvimento de policias em seqüestro, corrupção, extorsão, tráfico de drogas, roubo de carga e violência contra a mulher.

A base do estudo são os casos de maior repercussão, retirados de cinco jornais cuja abrangência é tida como nacional: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Diário de São Paulo, O Dia e O Globo. As notícias são diferenciadas em "caso" – a qualificação criminal que contém informações sobre a vítima, autor– e "crônica" – o que se refere a este caso: políticas de segurança pública, debates entre a sociedade e entre especialistas, mudanças na polícia, compra de equipamentos. O material selecionado recebe um tratamento para descartar sua parcialidade e algumas informações são inseridas no banco de dados.

Em 2000, a pesquisa foi um pouco alterada: acrescentou-se o tema violência policial e linchamento, assim como dados sobre localização espacial. Assim, será possível cruzar estas informações com dados socioeconômicos e tentar analisar a presença das violações relacionadas a outros indicadores. Além disso, alguns casos de impacto serão selecionados para acompanhar o andamento até a justiça. "Esta idéia vem de outra pesquisa: descobrimos que ter repercussão da imprensa, manifestações na sociedade, família apontando os culpados, não ocasionou reflexo no processo judicial", diz Wânia Pasinato Izumino, socióloga coordenadora do projeto. Alguns casos nem mesmo chegaram ao fim e em outros os culpados foram absolvidos. Mas nas comunidades os reflexos ocorreram: "Em algumas havia história, porque os familiares ainda viviam ou mesmo porque havia uma memória sobre o caso".

São quatro pesquisadores que classificam as notícias, identificando e agrupando o que for sobre um mesmo acontecimento. Depois, o material é lido e transcrito em um formulário, o que permitirá uma análise quantitativa: perfil da vítima, autores, contexto, se há resposta do poder público na área de segurança, se este pune. Possibilita também saber se houve manifestação – denúncia ou cobrança das autoridades – tanto por parte da família quanto por uma ONG e se algo na esfera do poder público foi mudado. O arquivo é atualizando a cada três meses e, assim, permite ver a evolução do número de casos. A finalidade é que estes dados sirvam de subsídio para outras pesquisas do núcleo. "Serve de mapeamento. São pelo menos 22 anos de história de graves violações", diz a pesquisadora.

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