ISSN 2359-5191

15/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 97 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
USP une pesquisa de doenças tropicais e extensão na Amazônia

São Paulo (AUN - USP) - Não é por acaso que Monte Negro, cidadezinha localizada no meio de Rondônia, foi escolhida para ser a extensão do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP fora de São Paulo. A riqueza da vegetação amazônica e uma população com índice recorde em incidências de malária serviram de gatilho para que, em 2000, fosse criado o campus de pesquisas avançadas para doenças tropicais do ICB5, “irmão mais nobre e feio dos ICBs”, como brinca o coordenador do campus, Luís Marcelo Aranha Camargo.

O pesquisador foi o pioneiro nas pesquisas da USP em Rondônia. Em 1990, Marcelo Aranha, que na época era professor do ICB em São Paulo, fez sua primeira expedição no estado para um projeto em parceria com a ONU e o Instituto Louis Pasteur. A princípio, a idéia era pesquisar doenças tropicais, em especial a malária. Mas as diversas linhas de pesquisa que o lugar propunha, aliado à crescente quantidade de alunos que acompanhavam as pesquisas, fizeram com que a subunidade ICB 5 se tornasse possível.

Hoje, o ICB 5 vai além do atual status de referência nesse tipo de pesquisa. O grupo liderado por Marcelo Aranha tem fortalecido cada vez mais o papel de assessor à população local. “Acreditamos que a Universidade fica muito enclausurada em si mesma. Olha muito para o próprio umbigo. Neste sertão, conseguimos sair da redoma e, além de fazer pesquisa de bom nível, interagir com a comunidade. A Universidade sai do pedestal. A Universidade vê o povo. Enxerga seu contexto.” , diz Marcelo Aranha.

O instituto abriga entre 200 e 300 alunos por ano, divididos em iniciação científica, graduação e pós-graduação, envolvidos na área de ensino, pesquisa e assistência social (extensão). São realizados atendimentos médico, odontológico e fonoaudiológico na zona urbana e rural em Monte Negro e municípios vizinhos, como Ariquemes, Machadinho D’Oeste, Santa Luzia D’Oeste, Nova Brasilândia D’Oeste, Tabajara, Demarcação e Calama.

Projetos e Parcerias
A subunidade ICB 5 não se trata apenas de uma extensão do seu correspondente paulistano. Sua maior característica são as parcerias com diversas instituições, tanto nas pesquisas, mas principalmente nos projetos de atendimento à população.

Um deles é o “Centro de Saúde Bucal e Fonoaudiológica”, que atende entre 2000 a 3500 pessoas por ano pelo SUS. O projeto conta com a parceria da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP e Faculdade São Lucas de Porto Velho. Essa mesma instituição coopera com outro projeto do ICB 5. Ao lado da Prefeitura de Monte Negro e da Liga de Telemedicina de Rondônia, a faculdade realiza o “Projeto Pequenos Doutores”. Através de videoconferências e aulas presenciais, o projeto ensina aos alunos do ensino médio alguns conceitos de atendimento médico e de primeiros socorros, bem como no diagnóstico precoce de doenças.

Outro projeto que trabalha no sentido da inclusão dos jovens aos assuntos sanitários é o “Centro de Inclusão Digital Profa. Marisis Camargo", em parceria com o estado de Rondônia, que ensina informática aos alunos das escolas públicas, agricultores e agentes de saúde de Monte Negro.

“Cansativo, vislumbrante, gratificante”
São essas três palavras de Marcelo que ilustram um de seus mais importantes projetos de assistência médica à população. Trata-se do Barco-hospital, uma espécie de hospital flutuante que atende a população das margens do rio Madeira (RO) e Purus(AM) durante cerca de 15 dias por ano. A função do barco é prestar serviços de atendimento básico, bem como de primeiros-socorros em medicina, odontologia, nutrição, enfermagem, biomedicina e fisioterapia. O Barco-hospital conta com o apoio da Fapesp.

Pesquisa
Enquanto os integrantes do ICB 5 criam e realizam projetos de inclusão, as pesquisas ocorrem paralelamente e a todo vapor, todas elas relacionadas a doenças tropicais. Hoje, são cinco financiadas pela Fapesp e três financiadas pela CNPq, instituição que também promove bolsas aos entudantes de iniciação científica.

Destaque para o estudo da doença Mansonelose, uma verminose transmitida por borrachudos que acomete 85% da população do rio Purus. Pesquisas do ICB 5 são pioneiras nesse tipo de filariose.

É importante também a pesquisa em torno da Leishmaniose Tegumentar, que estuda uma área do Acre, a 1150 km da sede, na fronteira com o Peru e a Bolívia. Também se trata de um estudo recente pioneiro.

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