São Paulo (AUN - USP) - Devido ao alto número de casos de esplenomegalias em cães no Hospital Veterinário (HOVET) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP), surgiu a necessidade de estudar o diagnóstico desse tipo de alteração. Esplenomegalia é o aumento do tamanho do baço como resultado de diferentes causas, inclusive a neoplasia (câncer maligno).
Para que os tumores cresçam e disseminem-se, acontece a angiogênese, ou seja, a formação de novos vasos sangüíneos a partir de vasos pré-existentes. O Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF), que é produzido por células inflamatórias, tumorais e endoteliais, é essencial para que ocorra a angiogênese e a esplenomegalia. Isso porque esse fator aumenta a produção e a migração de células inflamatórias e de células que compõem a parede dos vasos sangüíneos.
Há dois tipos de esplenomegalia. Um deles é a localizada, que pode ser causada por processos benignos, como abscesso e traumatismo, ou neoplasias focais. Quando o animal possui esse tipo de enfermidade, é indicada a remoção cirúrgica parcial do baço, para que este preserve suas funções. O outro tipo de esplenomegalia é a difusa, que decorre de infecções, congestão ou infiltração neoplásica, ou seja, quando o câncer já está espalhado pelo órgão. Nesses casos, deve ser realizada a remoção total do baço. A complicação principal de cirurgias no baço é a hemorragia, o que pode levar à anemia.
“É muito desafiador estudar um animal com esplenomegalia”, afirma Andressa Nitrini, veterinária do HOVET. O baço desempenha as funções de filtração e fagocitose, metabolismo do ferro, contribuição com a defesa imunológica do organismo e reserva de sangue. Em sua pesquisa de Mestrado, Andressa teve como objetivo rever a predominância das alterações no baço de cães e comparar seus diagnósticos com manifestações clínicas.
De janeiro de 2002 a dezembro de 2009, cerca de 26 mil cães foram atendidos no HOVET. Desses, 381 apresentaram algum caso de esplenomegalia. Para a realização da pesquisa, 109 desses cães foram avaliados. De acordo com o diagnóstico obtido, 39% dos casos eram de câncer maligno, sendo que 67% destes apresentaram hemangiossarcoma. Este é um tumor maligno que surge a partir de vasos sangüíneos. O hemangiossarcoma esplênico é o tipo mais comum de tumores malignos do baço canino. Cães com hemangiossarcoma podem ser identificados, entre outros sintomas, por aumento do tamanho abdominal, anorexia, depressão e vômito.
De acordo com os resultados da pesquisa, a maior parte (35%) dos cães com neoplasia não tinha raça definida. Segundo Andressa, não foi identificada diferença relevante entre cães de grande e pequeno porte. Dos 65 cães que apresentaram esplenomegalia e arritmia, 27 tinham câncer maligno. Exames laboratoriais indicaram que os animais com tumor maligno tinham um nível mais baixo de hemácias que o comum, ou seja, tendiam a ter anemia.