ISSN 2359-5191

06/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 46 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
História e memória da MPB são temas de seminário sobre discursos

São Paulo (AUN - USP) -A narrativa historiográfica em torno da música popular brasileira e suas operações discursivas de reconhecimento foram discutidas pelo professor conferencista Marcos Napolitano, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, no seminário de pesquisa Discurso Literomusical Brasileiro, organizado pelo Grupo de Estudos de Retórica e Argumentação da FFLCH-USP.

O professor introduziu a palestra dizendo que a própria delimitação do conceito de música popular brasileira faz parte da história e dos processos discursivos de aceitação na cultura do país. Por isso, ele destaca o período dos anos 60, quando a sigla MPB passou ser usada e denominação era ainda Moderna Música Popular Brasileira. Segundo Napolitano, esse é um período paradigmático e um ponto de concentração da música no país, quando há uma revisão do passado e uma preparação para o futuro, por meio da condensação de discursos de tradição e de modernidade. Assim, o professor dividiu a historiografia musical brasileira em quatro momentos diferentes que se complementam.

O primeiro momento seria a década de 30, quando houve um reconhecimento inicial de um gênero popular, o samba carioca, em um processo identitário e de resgate da brasilidade e do passado na música. Nesse contexto, além das dificuldades como a marginalização e o racismo relativos a esse gênero que ainda estavam por ser superados, havia também a agregação de um discurso nacionalista, que se estendeu até os anos 60.

O segundo momento é marcado pelo lançamento da Revista da Música Popular, que consistiu em um projeto editorial e discursivo sobre os movimentos musicais da época. Editada pelo jornalista Lucio Rangel, a revista defendia a idéia de que somente as produções de raiz poderiam ser consideradas música popular autêntica. Segundo Napolitano, trata-se de uma perspectiva folclorizante sobre a MPB, baseada em uma espécie de hierarquização no contexto musical, por meio de uma operação discursiva e ideológica impressa na revista.

A década de 60, período considerado de destaque pelo professor, consiste no terceiro momento, em que ocorre a institucionalização da música popular e o seu efetivo reconhecimento social. Ela passa a ser aceita amplamente pela classe média, também em função da Bossa Nova e do sucesso de artistas como Chico Buarque. Durante essa década, também se estabelece uma oposição entre o engajamento político e o entretenimento na esfera musical, somada ao surgimento de uma série de movimentos político-culturais como o Tropicalismo, por exemplo, que contribuíram para a criação de novos discursos e para o estabelecimento da relação entre o moderno e o tradicional na música popular.

Finalmente, o quarto e último momento da construção de um discurso historiográfico seria a década de 70, quando ocorre a consagração da música popular brasileira e a patrimonialização do passado. Napolitano considera que nessa década ocorre a finalização do processo e um reconhecimento estético, de forma que a MPB passa de elemento a instituição cultural, sujeita, inclusive, aos interesses do mercado e da indústria fonográfica brasileira.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br