ISSN 2359-5191

07/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 47 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Casa de parto comprova-se tão segura quanto hospital

São Paulo (AUN - USP) - É comum associar a idéia de casa de parto a um lugar de condições precárias, onde trabalham as famosas “parteiras.” Mas estudo recente comprova que é tão seguro ter um bebê em um centro de parto normal quanto em uma unidade hospitalar. Além disso, no centro, mulher e recém nascido sofrem menos intervenções obstétricas.

A pesquisa foi realizada por Camilla Alexsandra Schneck, da Escola de Enfermagem da USP. Seus dados desmistificam um preconceito existente na cabeça de muitos médicos, segundo Maria Luiza Gonzalez Riesco, orientadora da tese de Doutorado. A professora explica que as casas de parto já foram normatizadas pelo Ministério da Saúde, e existem critérios para que um parto ocorra lá. Segundo Camilla, a mulher deve ser uma gestante de baixo-risco, ou seja, não apresentar complicações durante a gestação. Os critérios para uma gravidez se enquadrar nessa categoria incluem: idade gestacional entre 37 e 41 semanas, não ter nenhuma complicação na gestação ou em gestações anteriores, ter todos os exames do pré-natal realizados, com resultados normais, e não ter tido nenhuma cesariana antes. “Isto reduz bastante o número de mulheres que podem ser atendidas em ambientes extra-hospitalares, mas também define um grupo específico que não necessitará das intervenções praticadas rotineiramente no hospital.” Além disso, a casa fica sob o comando de um profissional da saúde – porém, esse profissional pode ser uma enfermeira, não necessariamente um médico. Por causa disso, essa última categoria é em geral contra a criação dos centros, alegando serem eles não seguros. Em São Paulo, existem apenas dois atualmente.

As evidências encontradas por Camilla, entretanto, vão contra esse discurso. Fora do hospital, a dieta da mãe sofre menos restrições, dando a ela mais liberdade para se alimentar – sem se prejudicar por causa disso. Ou seja, pode-se oferecer alimentos de acordo com a necessidade de energia de cada mulher. “O trabalho de parto gera um gasto de energia intenso. Privar as mulheres de alimentos pode diminuir a energia também do bebê durante essa tarefa”, explica a pesquisadora.

O uso de ocitocina – hormônio utilizado na forma sintética, no soro, para estimular as contrações e acelerar o parto – é muito reduzido no centro em relação aos hospitais, onde a prática é comum. Camilla aponta que o uso do hormônio deve ser criterioso, usado apenas se houver real necessidade. Seu uso indiscriminado pode gerar aceleração intensa das contrações uterinas, aumentando a atividade no útero e diminuindo, por exemplo, a oxigenação do feto. Além disso, essa estimulação hormonal pode levar ao cansaço dos músculos do útero, dificultando sua capacidade de contração assim que o bebê nasce. Isso causa hemorragias graves no pós-parto. “Não usar ou usar pouco é melhor,” diz Camilla, “pois permite o desenvolvimento fisiológico das contrações uterinas e, consequentemente, evita riscos e promove um parto mais natural.”

Em relação ao bebê, especificamente, no hospital há mais freqüência de aspiração das vias aéreas superiores, maior uso de oxigênio nos recém-nascidos, e eles são mais internados em unidades neonatal. “A unidade neonatal é um local para o bebê doente.” A variável foi incluída no estudo para haver uma medida indireta se o parto na casa de parto gerava necessidades maiores de encaminhar o bebê para tal unidade. “Isso é também uma medida indireta da segurança do modelo.”

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