São Paulo (AUN - USP) - A produtividade agrícola pode ser alterada artificialmente, mas a fixação de carbono e de nutrientes no solo está fora do controle do homem. Apesar de irrigação e fertilizantes aumentarem o crescimento dos vegetais, a composição da terra permanece constante. O biogeoquímico Leo Condron diz que este resultado é inesperado e que a causa ainda é desconhecida. Professor da Lincoln University, na Nova Zelândia, fez uma palestra sobre sua pesquisa no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo - IGc/USP.
Durante 60 anos, um pasto foi cultivado para uma experiência. O campo foi dividido em porções em que foram aplicadas quantidades variadas de fertilizantes e irrigação, para fins de comparação. Para garantir resultados precisos, as ovelhas que se alimentavam do pasto jamais eram transferidas para uma área diferente, para que suas fezes não transportassem os nutrientes.
"Não existe no mundo nenhuma pesquisa similar a esta", diz o prof. Condron. O resultado apresentado é que a quantidade de plantas pode aumentar de 60% a 175%, mas o carbono orgânico encontrado no solo não teve aumento nenhum. "Onde foi aplicado somente irrigação, sem fertilizantes, o carbono chegou a diminuir", diz o neozelandês.
Num segundo momento da pesquisa, foram realizados testes similares em áreas com reflorestamento de coníferas e eucaliptos. Ali, os resultados também indicaram que estas plantas têm um índice muito baixo de sequestro de carbono.
"Uma semelhança entre o Brasil e a Nova Zelândia é que ambos têm grandes áreas de floresta original sendo substituídas por pastos ou por zonas de reflorestamento", diz o professor. Esta pesquisa tem implicações importantes relacionadas com o protocolo de Kyoto. Ela demonstra que uma quantidade maior de plantas não significa uma quantidade maior de carbono sequestrado, e, portanto, que as ações tomadas por grande parte dos governos têm consequências ínfimas no controle do efeito estufa.