ISSN 2359-5191

30/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 63 - Educação - Escola Politécnica
Acessibilidade é discutida na USP

São Paulo (AUN - USP) - “Quem é deficiente mesmo é a cidade”, afirma a vereadora Mara Gabrilli que é tetraplégica. Em palestra, ela problematiza a questão da acessibilidade.

Em palestra durante a Semana de Cultura Empresarial, na Escola Politécnica, a política tratou da questão da acessibilidade. Mara Gabrilli sofreu um acidente de carro em 1994, quando ainda era uma publicitária recém-formada. Nele sofreu uma lesão medular e ficou impossibilitada de mover o corpo do pescoço para baixo. Os médicos e especialistas frisavam suas limitações: “Era um tal de nunca mais isso, nunca mais aquilo... Ainda bem que não ouvi isso”, conta.

Não ouviu mesmo. Desde então, retomou sua formação como psicóloga e clinicou, fundou a ONG Projeto Próximo Passo (que promove pesquisas para cura de paralisias, do Desenho Universal e atletas com deficiência), posou como modelo, se tornou apresentadora de rádio e se elegeu vereadora da cidade de São Paulo. Sempre mantendo o bom-humor, brinca: “Era publicitária e psicóloga, quebrei o pescoço e virei modelo!”.

“Se somarmos pessoas com deficiência, doentes, idosos e obesos, são mais de 30 milhões de brasileiros que seriam beneficiados”, afirma. Apesar de ter sido convidada, não conseguiu subir ao palco do auditório, pois todos os acessos eram através de degraus. Já acostumada, lamentou: “isso é o que mais acontece comigo”.

Mara defende o Desenho Universal, projeto desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte (EUA), que pretende definir um projeto de produtos e ambientes passíveis de serem utilizados por todas as pessoas, portadoras de deficiência ou não. Ela lembra, no entanto, que é necessário também uma mudança de atitude, não só apesar da modificação do ambiente. “Eliminar barreiras físicas, não é tirá-las [as pessoas com deficiência] de casa. A maior barreira é de atitude. Não temos que ter vergonha de tê-las, mas sim de não querer derrubá-las”, problematiza. Um exemplo comum é a frota de ônibus de piso baixo, totalmente adaptados para cadeirantes. Contudo, ainda assim, muitos motoristas não param quando solicitados por um, seja por ignorância ou por preconceito. Para tentar miná-lo, ela pede sempre que as pessoas, se não tiverem nenhuma dificuldade, que se imaginem quando idosas.

E questiona “as faculdades de engenharia e arquitetura tinham que ter matérias sobre acessibilidade como obrigatórias”. Já há um movimento que defende a obrigatoriedade das disciplinas, o projeto tem sido discutido no Ministério da Educação. Mas enquanto não há uma decisão governamental a respeito, a vereadora lembra que pequenas atitudes podem gerar uma grande melhora na qualidade de vida de das pessoas. E se não achar que não há nenhuma mudança que esteja ao seu alcance, ela ainda sugere: “olha alguma entrada ou calçada irregular, manda uma denúncia”.

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