ISSN 2359-5191

27/09/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 79 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Estudo explica escassez de fósseis de dinossauros no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - Por que na Argentina são conhecidos 110 dinossauros e no Brasil somente 22? Foi esse o questionamento que levou Luiz Eduardo Anelli, professor do Instituto do Geociências (IGc) da USP, a iniciar uma longa pesquisa sobre o assunto. O resultado foi o livro “O guia completo dos dinossauros do Brasil” que, além de tentar responder essa pergunta, traz informações sobre os dinossauros brasileiros.

Anelli foi curador da exposição “Dinos na Oca”, realizada em 2006, e diz que foi uma oportunidade para que ele fizesse várias reflexões sobre o assunto. “A exposição tinha dinossauros da Argentina, dos Estados Unidos, do Saara, do Níger. Mas tinha dois ou três ossos de dinossauros brasileiros”, conta. A Argentina, que é um país vizinho do Brasil, apresentava muito mais dinossauros. O porquê para essa diferença motivou Anelli a escrever o livro.

Há muitas outras dúvidas que o livro procura responder. Por exemplo, o motivo de não haver fósseis de dinossauros do período jurássico no Brasil. E a pesquisa levou Anelli a algumas descobertas: “Muitos paradigmas se desfizeram durante a pesquisa”. Ele conta que, no início, acreditava que a Argentina, por sua diversidade paleontológica, possuísse um grande número de esqueletos do Jurássico. No entanto, foram encontrados até o momento somente sete.

No Brasil, fósseis de dinossauros são encontrados em rochas dos períodos Triássico e Cretáceo. Mas ainda há poucos fósseis, em comparação com outros países. Por exemplo, fósseis de períodos geológicos inteiros, como o Cambriano e o Jurássico são praticamente ausentes no Brasil. Esse é um ponto que o livro procura discutir, explicando o porquê da disparidade de fósseis entre o Brasil e a Argentina.

O livro surgiu de uma ideia ambiciosa: reunir todo o conhecimento que se tem sobre os dinossauros no Brasil até a atualidade. O processo de pesquisa envolveu a leitura de quase 50 artigos sobre dinossauros brasileiros e viagem por museus do Brasil e da Argentina.

O livro começa com uma contextualização que vai desde o início da vida, passando pela revolução multicelular, até a conquista da terra firme. “É um livro que não só traz as curiosidades dos dinossauros, como é muito comum, como discute todo o contexto dele desde a sua origem”, comenta Anelli.

O autor fala que seu livro se destina a informar tanto educadores quanto o público geral. “Ninguém conhece os dinossauros brasileiros. Se você perguntar a qualquer criança ela vai falar o nome de um dinossauro americano. Mas pergunte o nome de um dinossauro brasileiro, nem os professores conhecem”. A abordagem multidisciplinar, envolvendo Geografia e História, permite explorar o uso do livro nas escolas. E a linguagem é acessível ao público leigo. “É um livro que eu tentei escrever sem um jargão técnico. E sem também romancear. Eu quis ter uma conversa científica com as pessoas”, diz.

Anelli aposta no elevado interesse das pessoas no assunto que, ironicamente, continua tão desconhecido: “O conhecimento paleontológico para as pessoas é muito fascinante. Mas a maioria das pessoas não tem estrutura para receber e digerir essa informação. Eu quis fazer um livro que estruturasse as pessoas. Eu quero também despertar dúvidas, deixar as pessoas intrigadas, pensando no assunto”.

O autor já publicou outros livros, como “Evolução dos bichos”, “Extinção é para sempre: A história dos mamíferos gigantes da América do Sul”, “Colorindo a história da vida”, “Conhecendo os dinossauros – histórias reunidas” e o catálogo de “Dinos na Oca”.

O livro “O guia completo dos dinossauros do Brasil”, que conta com as ilustrações do páleo-artista Felipe Alves Elias, será lançado no dia 6 de outubro na Edusp, pela Editora Peirópolis. O próximo projeto é uma versão infantil desse livro, num formato mais resumido e com ilustrações maiores.

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