São Paulo (AUN - USP) - Segundo grupo de estudantes mais antigo da Universidade de São Paulo (três semanas mais novo que o da Faculdade de Direito), o Grêmio Politécnico completou 107 anos no último dia 1° de setembro e resolveu organizar uma festa, marcada para o dia 24 de setembro, para comemorar a data. O inusitado é que o estacionamento da faculdade é o lugar que vai abrigar o evento, algo que não acontece desde 2007.

“Estamos proibidos de organizar uma festa aqui na Poli desde a Festa Junina de 2007. O nosso último diretor não era muito pró-festas aqui, mas compensou conseguindo que a gente fizesse no Velódromo. As outras faculdades até reclamam disto às vezes (que só a Poli realize festas no Velódromo), mas foi mais uma coisa meio empurrada”, afirmou Alessandro Andrade, diretor de eventos do Grêmio Politécnico. “Com muita conversa conseguimos essa liberação, que tem a ver com o motivo da festa”, completou.

Segundo Alessandro, o Grêmio Politécnico já está se movimentando para evitar tumultos na montagem da festa que atrapalhem as aulas. Além disso, um sistema de segurança foi contratado para vigiar o entorno da faculdade e evitar que pessoas sem ingresso entrem no evento.

“Vamos fazer a montagem de quinta para sexta-feira. A estrutura também não é muito grande. Trouxemos a montagem para sexta justamente porque é o dia com menos aulas na Poli. E o estacionamento é bem grande, vamos fechar apenas uma parte dele”, garantiu Alessandro.

Já em junho deste ano a Poli deu sinais de que abriria o espaço do estacionamento novamente para as festas. Durante a Copa do Mundo, o Grêmio Politécnico conseguiu organizar um evento com telão para assistir a um jogo do Brasil. Desta vez, porém, a expectativa é que o público seja muito maior, já que a recepção foi boa aos cartazes colados que divulgam a festa.

“Gostaríamos de ter mais de três mil pessoas, mas ainda não sabemos estimar direito o público. Colamos os cartazes no último dia 14, e a recepção foi muito boa, principalmente por parte dos mais velhos, por dois motivos: a caneca (incluída no preço do ingresso) e o fato de ela ser no estacionamento. O preço para alunos também não é caro. Subsidiamos os ingressos dos alunos para eles ficaram mais baratos. Aluno que toma duas cervejas nos dá prejuízo”, afirmou Alessandro.

O Grêmio Politécnico já foi uma instituição de âmbitos muito maiores no passado, como ressalta o próprio Alessandro. Com muita história, a agremiação chegou a lutar contra a ditadura e até teve uma eleição para presidente com dois dos grandes políticos do Brasil, Mário Covas e Paulo Maluf, com vitória do ex-governador paulista do PSDB.

“O Grêmio foi muito grande. A gente teve aviões, um banco que emprestava dinheiro aos alunos, uma gráfica para imprimir uma das revistas que fazíamos, na época a revista de engenharia mais conceituada da América Latina... Gestões ruins deixaram as coisas largadas e a gente foi perdendo tudo aos poucos. A proposta atual é de criar um projeto que reviva tudo isso. Longe de achar que vamos ter a grandeza de antigamente, mas a gente tenta”, afirma Alessandro, antes de mostrar sua satisfação por fazer parte de instituição. “O Grêmio é algo que me faz prazer de vir para a Poli”, completa.