São Paulo (AUN - USP) - Iniciativa inédita no Instituto Butantan, pesquisadores e diretores passaram uma sexta-feira sendo eles próprios objetos de estudo, e não o contrário. É que a assessoria de imprensa do Butantan realizou o 1º Media Training, com o objetivo de treinar o pessoal do instituto para uma melhor relação deles com a imprensa, o que acaba sendo um tanto quanto conflituosa por parte dos dois lados.
O evento foi dividido em uma parte teórica e outra prática. Na primeira, foram ministradas palestras para a equipe presente contando aspectos básicos do jornalismo, tais: como funciona uma redação, a função da assessoria de imprensa, o deadline do jornalista. Na segunda parte, foram feitas simulações de entrevistas e depois discutidos os erros e acertos, havendo uma interação entre repórter e entrevistados.
A culpa por essa relação ‘instável’ é de ambas as partes. O jornalista, na ânsia de conseguir a pauta ou as citações, interpela o entrevistado de maneira pouco cordial, e não entende que cientistas e pesquisadores estão sujeitos à agenda cheia. O outro lado, contanto, muitas vezes não tem o discernimento necessário da importância de sua pesquisa como serviço de informação ao público.
Para Flávio Benvenuto, assessor de imprensa do Butantan e um dos realizadores do Media Training, o problema acontece não por má vontade dos colegas, mas por outro motivo essencial: “os cientistas estão dispostos a ajudar, mas não conhecem o timing do jornalismo. E há também os pesquisadores que realmente não têm tempo, como aqueles envolvidos em produções de vacinas e soros”.
Participaram do treinamento oito cientistas e pesquisadores, e foi difícil até mesmo confirmarem a participação no evento. “Dois desistiram em cima da hora. Mas no geral eles adoraram a experiência”, afirma o assessor.