ISSN 2359-5191

19/06/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 12 - Sociedade - Centro de Estudos da Violência
Projeto busca solucionar problemas do Campo Limpo

São Paulo (AUN - USP) - Estabelecer melhorias para a área correspondente à administração regional do Campo Limpo é o objetivo de uma das pesquisas do CEV, Centro de Estudos da Violência da USP. Isto será feito a partir de dois pontos: criação de fóruns para mediar conflitos e estabelecimento de contratos locais de segurança. Segundo Hélder Rogério Sant’Ana Ferreira, um dos coordenadores, o projeto é importante porque por meio de uma pesquisa notou-se que conflitos menores da região, como entre vizinhos, acabam gerando conflitos maiores, como lesões corporais ou até mesmo homicídios. “A idéia é prevenir e reduzir um pouco isso através destes fóruns.”

Estes fóruns seriam espaços de convivência em que pessoas da comunidade treinadas em técnicas de mediação cuidariam de conflitos da vizinhança, e, dependendo do caso, de alguns conflitos familiares. Os postos seriam estabelecidos em pontos da comunidade, como pequenos núcleos, já que o objetivo atual não é abranger todos os habitantes da região. Estes, que são quase um milhão, estão distribuídos em cinco distritos censitários ou municipais: Jardim Ângela, Jardim São Luís, Campo Limpo, Capão Redondo, e Vila Andrade.

Na outra parte do projeto, o papel do CEV é o de levantar mais de dados socioeconômicos – segurança pública, violência, saúde, educação, habitação – e, a partir disso, facilitar a reunião de funcionários públicos que trabalham na região, representantes do governo e lideranças da comunidade. “A idéia é estabelecer um grande fórum de discussão em que se faça um plano de metas para melhorias das condições sociais da região.” Além disso, o CEV irá acompanhar e avaliar estas metas para ver como e se elas estão sendo cumpridas.

Este projeto de contratos locais de segurança surgiu na França. Lá, contudo, o propositor é o governo federal: é ele que agrupa funcionários, governo e lideranças. O projeto brasileiro inova porque quem o propôs foi a universidade, mas é a comunidade que direcionará a adaptação dos projetos. Segundo o coordenador, “o papel importante vai ser dos parceiros, mas a proposição vem da gente. Eles apresentam as arestas e nós tentamos ter ‘jogo de cintura’ para contorná-las.” A região foi escolhida porque o CEV já havia trabalhado lá e, portanto, já tinha uma relação de confiança que facilitasse a entrada e a conversa. Para Hélder, é importante que a comunidade sinta que o Centro é parte das pessoas que querem melhorar os problemas da região.

A equipe de pesquisa enfrenta dificuldades na coleta de dados causadas por problemas na estrutura governamental. A divisão do IBGE e de cada área de política pública (educação, segurança) é diferente, tornando a comparação de dados difícil. A divisão mais confiável, segundo Hélder, é a do IBGE, mas há números que o instituto não possui e aí “as áreas não se correspondem, é um caos completo”. Além disso, ele diz que não existe o costume de divulgar as informações, há uma cultura de que os dados não são públicos. “Às vezes uma pessoa, em um determinado posto, não deixa a gente ter acesso. Os micropoderes agem de forma muito forte e impedem o trabalho.”

Para avaliar a eficácia deste projeto, os resultados obtidos em Campo Limpo serão comparados a uma região da Zona Leste em que não há este trabalho, mas que é semelhante em número de habitantes, nível de desemprego e homicídios, entre outras taxas. Atualmente, o CEV preocupa-se em aperfeiçoar a iniciativa para que ela dê certo e, se isto ocorrer, haverá difusão para outras regiões. “Tendo sucesso, facilmente a gente conseguirá parceiros para expandir no futuro.”

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