São Paulo (AUN - USP) - Uma importante descoberta do Instituto Butantan está revolucionando a maneira como é lidado o tratamento à asma. É que uma nova droga criada sinteticamente em laboratório a partir do veneno do peixe Niquim, o famoso “Peixe-Veneno”, diferentemente dos demais métodos utilizados até então, como medicamentos antiinflamatórios e dos broncodilatadores, não provoca efeitos colaterais do corticoide, (grupo de hormônios esteroides produzidos pelas glândulas supra-renais).

“A droga não vai curar a asma, porque ela não é uma doença que se cura, no entanto, a importância dessa descoberta é que além de não ter efeito colateral, de ser feita de maneira sintética, não necessitando mais da pesca dos peixes e de ser mais uma opção ao tratamento, é que se trata de um produto genuinamente brasileiro”, diz Mônica Lopes Ferreira, uma das cientistas responsáveis pela pesquisa.

O que ela não pode precisar, no entanto, é quando essa descoberta terá um efeito real na população. Isso porque agora o próximo passo não depende mais dos pesquisadores. “ Eu não tenho essa resposta (de quando haverá medicamentos à disposição da população). Isso porque agora depende de mais investimento da indústria farmacêutica, para realizar testes clínicos e assim produzir a droga em grandes quantidades”.

Os peixes Niquim, típicos das regiões Norte e Nordeste do Brasil, são objetos de pesquisa de Monica há 14 anos. Porém, ela conta que só há três ou quatro anos começou a dedicar-se aos estudos que a levariam à descoberta da nova droga. “Me interessei em estudar esse peixe ao ver que seu veneno atingia pescadores da região. Mas o acesso a ele não é tão fácil, depende da aprovação do IBAMA”.

A asma é uma doença que, se não chegam a serem alarmantes, seus números são no mínimo preocupantes, tanto no Brasil quanto no mundo. Cerca de 10% dos asmáticos se encontram em terras tupiniquins, o que torna o Brasil o oitavo país do mundo em número de pessoas que sofrem dessa doença.