São Paulo (AUN - USP) - A tecnologia em silício, utilizada, entre outras coisas, para fabricar sistemas presentes em celulares, já está tão difundida que o Brasil poderia adquiri-la e passar a fabricar esses dispositivos. É no que acredita a pesquisadora Denise Consonni, do LME (Laboratório de Microeletrônica), da Escola Politécnica da USP. Essa tecnologia não é como a dos sistemas em arseneto de gálio, cuja fabricação é mais sofisticada e os chips precisam ser feitos em poucas fábricas altamente especializadas em outros países.
Os sistemas de arseneto de gálio são utilizados nas instalações das estações rádio-base, necessárias para a transmissão das microondas de um celular a outro. O tamanho da distância de uma estação em relação ao aparelho é responsável pela possibilidade (ou impossibilidade) de fazer e receber ligações, pois o sinal, transmitido em microondas, não chega até as estações rádio-base, que se comunicam entre si. Sem essa infra-estrutura, qualquer comunicação entre os aparelhos é inviável. Utiliza-se arseneto de gálio nas estações rádio-base em vez de silício, usado nos sistemas de aparelho celular, porque o primeiro material suporta freqüências maiores.
O Laboratório de Microeletrônica da Escola Politécnica desenvolve, dentre outras coisas, projetos de sistemas de telecomunicações em arseneto de gálio para empresas. É responsável pela pesquisa e desenvolvimento de projetos, cuja fabricação é feita nos EUA. Segundo a pesquisadora, o Brasil não tem tecnologia viável, isto é, não tem uma boa relação de custo e benefício para que compense fabricar chips em arseneto de gálio aqui. Porém, no caso dos sistemas em silício, é possível fabricá-los, pois sua tecnologia já se encontra muito difundida.
Segundo a pesquisadora, o papel da Universidade é realizar pesquisas que possibilitem o desenvolvimento do país, com investimentos em formação de pessoal, em softwares e em computadores potentes. O Brasil tem esses elementos, mas são necessários maiores investimentos para que a tecnologia possa chegar até a indústria e efetivamente alavancar o desenvolvimento. Em outras palavras, nossa tecnologia limita-se à pesquisa propriamente dita e não à fabricação desses dispositivos, o que poderia gerar divisas.