ISSN 2359-5191

05/07/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 13 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Odontólogo aprende a tratar paciente com paralisia cerebral

São Paulo (AUN - USP) - A paralisia cerebral foi o tema de uma das palestras da primeira Jornada Odontológica do Cape (Centro de Atendimento a Pacientes Especias) da Faculdade de Odontologia da USP. Com a finalidade de orientar o odontólogo no tratamento bucal em pessoas com esse problema, a palestra foi realizada sábado passado e coordenada por Marina Gallotini, professora de Patologia Bucal da Fousp.

A doença pode ser causada tanto pela pré-maturidade do feto (nasce antes do tempo), como por uma queda de uma altura considerável. Neste caso, haveria uma seqüela de traumatismo craniano, ou seja, uma lesão cerebral, mas que não é progressiva. Esta é a diferença com outras paralisias ou síndromes.

O tipo de paralisia mais comum é a espástica. Neste caso, o paciente tem movimentos descoordenados, bruscos e involuntários causados por algum estímulo ou emoção de alegria ou tristeza. Outra característica é o movimento rígido dos músculos, que o impede de esticar os braços ou pernas já que, se alguma ação for forçada, pode-se quebrar facilmente o osso.

Então, o odontólogo tem grandes dificuldades no manejo físico, posicionamento, colaboração e comunicação do paciente. Este também é susceptível a reflexos de vômitos. A manutenção de saúde em casa é outro problema.

Para poder lidar com isso, a criatividade é indispensável ao profissional. No caso do posicionamento na cadeira, sabe-se da existência de uma almofada posicionadora, mas que pode ser substituída por uma almofada comum para preencher os vazios que ficaram entre o paciente e a cadeira. Posicioná-lo nos braços ou corpo da mãe é outra saída. O dentista terá que se adaptar à posição evitando apertá-lo, pois isso deixaria o paciente mais rígido.

Deve-se evitar que ele fique emocionado: “Isso não é fácil, mas, conforme a pessoa vai se acostumando à manipulação bucal, ao convívio com o dentista, ao ambiente, vai perdendo a emoção e vai diminuindo os movimentos”, afirma a professora.

Não é difícil para o paciente abrir a boca, já que este é um dos movimentos involuntários. Mesmo assim, a comunicação é um desafio. Geralmente, o paciente não fala e, para o odontólogo saber qual é o incomodo na boca, é questão de aprendizagem. “Da mesma forma que a mãe aprendeu a se comunicar com o filho, o odontólogo terá que aprender a se comunicar com o paciente”, frisa Marina. “Muitas vezes a comunicação será através da mãe”, completa. Esta comunicação será mediante gestos, sons e objetos.

A grande parte deles têm inteligência normal, por isso é bom não tratá-los infantilmente, o que só prejudicaria o tratamento.

O aparelho de comunicação oronfaringiana é um espaço exagerado da boca, que pode permitir que o paciente engula objetos. Assim, ter muito cuidado é fundamental. Já para evitar mordidas causadas pelos movimentos involuntários, o dentista deve usar um dedal. Em casos extremos, pode-se utilizar técnicas de sedação.

Conscientizar os responsáveis é importante. Muitas vezes, leva-se o paciente ao consultório quando o problema bucal já está na fase final e não tem solução. “É indispensável conscientizar os pais. Já ouvi perguntarem se com um filho que tem esse problema é preciso escovar os dentes”, disse Marina.

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