ISSN 2359-5191

05/07/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 13 - Meio Ambiente - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisa e graduação buscam a melhoria dos mananciais em São Paulo

São Paulo (AUN - USP) - Inserir alunos no universo da pesquisa, possibilitar que entrem em contato com os problemas reais dos mananciais invadidos de São Paulo e orientá-los na formulação de soluções para esses problemas. Há três anos, semestralmente, é o que fazem os professores e pesquisadores da disciplina optativa "Ambiente Construído e Desenvolvimento Sustentável - Moradia Social", da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP). A disciplina está diretamente ligada à pesquisa "Reparação de danos e ajustamento de conduta em loteamentos irregulares na Região Metropolitana de São Paulo".

As ações da disciplina estão focadas nas ocupações residenciais ilegais dentro da Área de Proteção aos Mananciais da região metropolitana de São Paulo, e o objetivo dos alunos é buscar uma solução sustentável que combine preservação do manancial e ocupação residencial e possibilite a regularização tanto urbanística quanto jurídica. Para isso, foi feita uma série de parcerias: a principal é com o Ministério Público, mas também estão juntas as promotorias de Diadema e Embu e as prefeituras de Diadema, Embu e Santo André.

De acordo com uma das coordenadoras, a professora Maria Lucia Refinetti Martins, a maneira do Ministério Público e dos outros parceiros trabalharem tem como base os processos, que são analisados caso a caso e com profundidade. Fazendo um apanhado de diversos processos semelhantes é possível ter uma visão mais ampla dos diferentes problemas gerados pelas ocupações. A possibilidade de pensar situações semelhantes em municípios diferentes, com uma visão da universidade, tem sido muito positiva para todas as partes: "Nós temos um contato maior com as dificuldades reais, e nossos parceiros, um aporte teórico da universidade que é muito difícil terem no dia-a-dia", diz Maria Lucia.

O papel dos estudantes da FAU é trabalhar e discutir de que forma apresentar alternativas para a intervenção, com o objetivo de criar melhores condições para a ocupação, um fato já estabelecido. "A lei de mananciais tem a preocupação de controlar a ocupação para proteger a água que abastece a Grande São Paulo. Mesmo com a existência de uma lei específica de proteção, o que se vê hoje é que nessa área existem mais de um milhão de pessoas morando", diz Maria Lucia. Segundo a professora, apesar de ser uma situação ilegal, é socialmente impossível de ser revertida, pois se trata de uma população equivalente à de uma metrópole. Então, partindo dessa realidade, os alunos devem criar formas de lidar com os loteamentos e organizar seus espaços físicos utilizando determinados artifícios -tratamento de esgoto, cuidados com a erosão, ampliação da área permeável, por exemplo.

Quanto ao envolvimento dos alunos, Maria Lucia diz que, por ser uma disciplina optativa, quem se inscreve tem interesse real e conhecimento do que será abordado. "Sendo um setor de moradia popular, os estudantes sabem que será preciso ir aos bairros, que são longe, e que não se vai trabalhar com a grande arquitetura internacional, mas com aquilo que é efetivamente o padrão de arquitetura da cidade brasileira: um mar de casario com implantação e edificação precárias, não só pela falta de recurso mas pela falta de orientação", analisa a professora.

A dedicação de todos os envolvidos na disciplina e na pesquisa já trouxe resultados, como livros, artigos e inclusive um premio da Associação Brasileira de Cohabs, o Selo do Mérito, destinado a projetos inovadores tanto do ponto de vista técnico quanto da promoção de conhecimento e da formação de pessoas.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br