São Paulo (AUN - USP) - A Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) realizou recentemente um curso sobre as estratégias para instrução de natação para portadores e não-portadores de deficiências físicas. Ministrado pela professora Elisabeth de Mattos, do Departamento de Esporte da própria faculdade, o evento abordou os benefícios da prática do esporte e as principais diferenças entre o processo didático que deve ser adotado para o ensino dirigido às duas categorias de alunos.
Ao contrário do que se possa imaginar, o ensino da modalidade para o portador de deficiência não difere muito das práticas didáticas direcionadas para o não-portador. “As únicas diferenças são a hierarquia da seqüência pedagógica e as estratégias de ensino”. Ainda de acordo com a professora, trata-se apenas de uma questão de alterar o tempo aplicado nas diferentes fases do aprendizado. Nas aulas preparadas para o ensino de portadores de deficiência, tal tempo deve ser mais longo e a ênfase nos movimentos e exercícios deve ser maior. A passagem de uma fase à outra do aprendizado deve ser, portanto, mais lenta. Além disso, os grupos de ensino devem ser menores, com menos alunos por turma, para que o deficiente possa receber atenção individualizada.
Os benefícios decorrentes da prática de esporte são incontáveis, principalmente no caso do portador de deficiência. A prática de qualquer modalidade torna o indivíduo mais sociável e auxilia no processo de inclusão do deficiente, melhorando sua auto-estima. O esporte melhora também o equilíbrio e a coordenação. Fisiologicamente, a prática de atividade esportiva fortalece a musculatura, melhora a capacidade respiratória e circulatória, entre outras coisas. Ainda pode também funcionar como terapia auxiliar no processo de recuperação de alguns tipos de deficiências.
E a natação em si é considerada um dos esportes mais completos. Indicada para todas as idades, tem a característica de facilitar a auto-adaptação do esforço à capacidade de cada um dos seus praticantes. No meio líquido a força gravitacional é quase nula, impedindo ações violentas ou bruscas e favorecendo movimentos amplos e prolongados.
Mas a natação não é necessariamente a melhor modalidade esportiva a ser indicada para o deficiente físico. É, de fato, o esporte que sofre menos adaptações para a sua prática, mas qualquer outra modalidade também pode ser extremamente benéfica. O essencial é que o indivíduo sinta prazer na prática esportiva. “Até um esporte mais violento, como o judô, pode ser benéfico para o deficiente, se reduzida a carga de violência e se este for prazeroso para o indivíduo”, concluiu.