São Paulo (AUN - USP) - Retratar as inúmeras facetas da cidade de São Paulo por meio da tradicional arte do bordado. à exatamente isso que propõe a exposição âBordar São Pauloâ, em cartaz até 30 de setembro no Centro de Preservação Cultural (CPC), mais conhecido como Casa de Dona Yayá. A mostra encerra oficialmente o projeto homônimo que foi iniciado no último mês de julho no CPC e que contou também com oficina de bordado, sarau e apresentações artÃsticas.
Quatro grupos de bordado da capital paulista participaram da organização da exposição: âTeias de Aranhaâ, âMãos de Ariadneâ, âPonto a Pontoâ e âLaços e Traçosâ. De acordo com a curadora Elizabeth Ziani, que também é integrante do grupo Teias de Aranha, a ideia da mostra surgiu de maneira despretensiosa, a partir de um exercÃcio já praticado pelo seu grupo. âO Teias de Aranha nasceu da literatura do escritor mineiro João Guimarães Rosa e há 10 anos nós bordamos sua obra e as paisagens do sertão de Minas. Mas depois desses anos todos indo para lá e fazendo esse trabalho, senti o desejo de bordar a minha cidade, de desenvolver uma obra sobre as minhas raÃzes que fosse mais próxima do nosso grupo. Foi então que propus a ideia e todos logo aceitaram o desafioâ, explica a curadora.
Entre os trabalhos expostos no CPC está o painel âSão Pauloâ, desenvolvido em quatro módulos de 0,80cm x 2m cada, que levou dezoito meses para ser produzido em conjunto pelas quatro entidades e que representa algumas paisagens conhecidas da capital paulista. Além deste, destaca-se também o painel âBordar São Paulo â um retalho da nossa cidadeâ, criado entre os meses de julho e agosto pelos moradores da região do Bixiga participantes da oficina de bordado que deu inÃcio ao projeto. âA proposta da oficina ministrada pela Rioco Kayano e pela Silvia Mithie foi a de registrar as histórias do Bixiga através das referências afetivas dos moradores e freqüentadores do bairro. Muitos deles tinham apenas a experiência do bordado tradicional, mas nunca tinham utilizado essa técnica coletiva, o que gerou um resultado bastante surpreendenteâ, contou Elizabeth.
Podem ser vistos ainda mais 10 painéis que tematizam a memória, a literatura, o meio ambiente e as diversas histórias dos lugares retratados. Os materiais que foram utilizados durante a oficina, como a bancada de trabalho, os desenhos, as agulhas e os tecidos, e alguns registros visuais das atividades, incluindo fotos e vÃdeos, compõem o restante da mostra.
âO mais interessante é que com essa experiência pudemos perceber que o bordado continua tocando profundamente as pessoas. Elas de alguma forma se lembram da mãe, da avó, ou de alguma outra pessoa próxima que costumava bordar e assim sentem também uma vontade repentina de pegar a agulha e aprender. E, apesar de ser uma linguagem bastante antiga, a prática adquiriu uma nova forma com o Bordado Livre. Desse redimensionamento surgiu a simplicidade desses desenhos que foram aqui criados, que são preenchidos com delicadeza e beleza. à uma linguagem que vem tomando um espaço importante, já que permite esse compartilhamento da experiência de criaçãoâ, completou a curadora.
Exposição Bordar São Paulo
PerÃodo: 30/07/2011 a 30/09/2011
Local: Centro de Preservação Cultural (CPC)/Casa de Dona Yayá, Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo, SP
Funcionamento: Segunda a sexta, das 10h às 16h
Ingressos: Gratuito