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17/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 99 - Economia e Política - Instituto de Biociências
Estudantes de biologia da USP buscam alternativas de carreira fora da pesquisa

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisador ou professor não são as únicas opções de carreira para biólogos de formação. A área empresarial corresponde a uma boa fatia do mercado de trabalho para esses profissionais, mas nem sempre ela é conhecida pelos graduandos na área. Pensando nisso, alunos do Instituto de Biociências (IB) da USP criaram a Bio Jr., empresa júnior do curso de ciências biológicas, que tem como objetivo despertar a atenção dos alunos para o empreendedorismo e a área empresarial.

A demanda surgiu dos próprios estudantes, uma vez que o Instituto não aborda esta temática ainda. “Tem um professor que favorece um pouquinho o empreendedorismo e a inovação nas aulas, mas o resto é muito raro”, conta Henrique Ricci, presidente da Bio Jr. O professor em questão, Marco Buckeridge, considera a iniciativa essencial até mesmo para o desenvolvimento do país: “O Brasil está se tornando economicamente muito importante, existe uma grande quantidade de capital entrando no país que envolve o estabelecimento de novos centros de pesquisa para trabalhar junto à industria e novas industrias se estabelecendo”, explica. “Então vai haver um grande número de empregos para biólogos na indústria e para isso a biologia da USP precisa se preparar e formar gente que seja competitiva nessa área. Por isso ter uma empresa Junior é superimportante, porque aí o aluno que se interessa é treinado”.

A diretoria da empresa é formada por seis alunos, em sua maioria do quarto ano, além de quatro que são suplentes e os auxiliam em suas funções. A primeira dificuldade do grupo foi entender o funcionamento de uma empresa e toda a burocracia necessária para começá-la. “A gente conhecia muito pouco, não sabia praticamente nada sobre como fazer um CNPJ, como abrir uma empresa. Tivemos que correr atrás de tudo, aprender tudo”, diz Thais Guimarães, diretora de recursos humanos. A mobilização dos alunos teve início no final do ano passado e apenas em meados de agosto conseguiram terminar o encaminhamento das questões legais.

Não é a primeira vez que alunos da biologia abrem uma empresa júnior. A primeira foi criada em 1994 e durou cerca de dois anos. A última, antes da atual Bio Jr, fechou em 2003. Por esta razão, os diretores estão preocupados em integrar os calouros à dinâmica da empresa. “Outras iniciativas tiveram continuísmo sem continuidade. Então, um grupo de pessoas fez a empresa para eles e não preparou uma geração nova”, diz Guilherme Abdalla, diretor de Projetos.

O primeiro projeto da empresa foi a organização da Semana de Inovação e Empreendedorismo, ocorrida entre os dias 29 de agosto de 2 de setembro, com o objetivo de apresentar a Bio Jr. aos alunos, bem como essa possibilidade de atuação que por vezes não é considerada. “Tem muita gente aqui que não tem perfil para pesquisa, mas acaba indo para essa área justamente por ser a opção mais simples. O aluno já está aqui no Instituto, já faz seu estágio, então o próximo passo é uma pós-graduação. Ele nem titubeia, não pensa em qual seria a outra opção”, explica Henrique Andrade, diretor de comunicação e marketing.

Tal iniciativa pode colaborar para liberar fundos de pós-graduação para os alunos que estejam realmente interessados na carreira de pesquisa. Para Guilherme Abdalla, a Universidade só tem a ganhar com a lacuna que a Bio Jr. busca suprir: “Dessa forma, o nome do Instituto, ao invés de ficar elevado, por exemplo, à quinta potência em pesquisa, vai ser elevado à décima potência em pesquisa e à décima potência em biologia aplicada”.

Projetos futuros
Não faltam idéias de projetos para quando a empresa estiver mais bem estruturada. A área de atuação da Bio Jr. envolve projetos de adequação ambiental; elaboração de material de apoio para museus, parques e locais onde os conceitos biológicos são necessários; revisão científica de textos de mídia. Posteriormente, eles pretendem realizar projetos relacionados à área molecular, como testes de paternidade de pets, por exemplo, que servem para comprovar o pedigree do animal. Além disso, a empresa pretende prestar serviços à Universidade, com custos menores do que empresas externas a ela.

Da bancada para o mercado
“É mais fácil ensinar administração para um biólogo do que biologia para um administrador”, defende Isabela Drummond, bióloga de formação, que atualmente trabalha na Biominas analisando a viabilidade mercadológica de projetos em biotecnologia. Ela participou da formação de uma empresa júnior do curso de biologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde se graduou. “Senti muita falta de ter contato com esses assuntos durante a graduação, de saber como avalio se o que estou fazendo na bancada tem potencial para o mercado”, conta. Para a bióloga, trabalhar com negócios não representa a falta de contato com a área científica. “Acho que nunca li tanto paper na vida como quando era analista de negócios”, diz Isabela.

O contato com o mercado é essencial para quem pretende desenvolver novas tecnologias. Em sua rotina de trabalho, entretanto, é comum Isabela se deparar com o contrário: “Acontece muito de o cientista desenvolver um produto e criar uma empresa alienado do mercado e quando ele está com tudo pronto descobrir que não há demanda para o que ele desenvolveu”.

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