ISSN 2359-5191

15/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 71 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Pesquisadores avaliam capacidade de renutrição do fígado

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) realizaram um experimento no qual camundongos foram submetidos a uma desnutrição protéica de 30 dias. O objetivo da pesquisa era observar como fígado dos animais reagiria ao efeito de uma desnutrição seguida por uma renutrição. Os resultados revelam que, ao receber uma dieta comum de proteína por 30 dias, após o período de desnutrição, houve uma recuperação tanto no volume do fígado quanto no tamanho das suas células.

Para se realizar o teste, foram utilizados 20 camundongos swiss, machos, com aproximadamente 90 dias de idade, todos. Estes camundongos foram divididos em dois grupos, de 10 animais cada. O primeiro grupo, de controle, recebeu a dieta normal por 30 dias. O outro conjunto recebia uma dieta com 17% da quantidade de proteína presente na alimentação do primeiro grupo. Passado um mês, este conjunto apresentou 50% de atrofia no volume total do fígado.

A partir daí o experimento entrou no segundo momento. A população de cada grupo foi reduzida à metade, através da eutanásia. O grupo controle continuou com a dieta normal, por mais 30 dias. Já o outro grupo voltou a receber a dieta normal, e passou a ser chamado de “renutrido”. O resultado observado foi que, após as quatro semanas, a atrofia havia sido revertida.

Quanto à análise de hepatócitos (principais células do fígado, sintetizadoras de proteína), o grupo controle apresentava índices que beiravam os 11 milhões. No grupo desnutrido, houve um aumento de 45% na quantidade dessas células. No renutrido, o aumento foi de 163% na quantidade de hepatócitos. “Estes números explicitam a tentativa do orgão de se regenerar”, explica Antônio Augusto Coppi, do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da FMVZ.

É importante destacar que os resultados foram analisados utilizando-se os métodos inéditos até então. “No LSSCA, utilizamos a Estereologia Estocástica assistida por Bioimagem, para podermos realizar uma contagem total (e não apenas por área) dos hepatócitos do fígado”, explica o professor. Os métodos morfométricos, usados até recentemente, conseguem indicar a redução no tamanho do fígado, mas não conseguem apurar a alteração no número total de células. “As análises morfométricas apontam para nenhuma alteração no número de células hepáticas após a desnutrição. Entretanto, em nosso estudo, comprovamos que de fato há alterações nos números dessas células.

Um experimento, uma esperança
“As respostas apresentadas por essa pesquisa são fundamentais para diagnosticarmos e tratarmos das hepatopatias (doenças hepáticas) de decorrência nutricional”, afirma Coppi, sobre a relevância do estudo realizado. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) estimam que 20 milhões de crianças nascem com o peso corporal abaixo do normal. Outras 150 milhões, antes dos cinco anos apresentam peso corporal abaixo da média da idade. Tais informações colocam a desnutrição como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.

“A gravidade destes números está no fato de que o processo metabólico do corpo humano é proteína-dependente. Para que um fígado consiga exercer corretamente as suas funções, ele depende de proteína. A deficiência protéica afeta diretamente o metabolismo de hormônios e enzimas fundamentais ao nosso organismo”, analisa o professor.

Toda a pesquisa e os resultados nela obtidos fazem parte da tese de doutorado de Sílvio Pires Gomes, médico veterinário. A tese foi apresentada no ano passado, sobre a orientação de Coppi.

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