ISSN 2359-5191

21/09/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 87 - Arte e Cultura - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Pesquisa desvenda origens de dinastias indígenas

São Paulo (AUN - USP) - Está em andamento na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP, um estudo de Iniciação Científica que procura identificar as origens de diferentes dinastias indígenas através da análise de códices (documentos manuscritos antigos) encontrados na região da chamada Mesoamérica – região compreendida entre o sul do México e trechos de países da América Central, até a Costa Rica.

A pesquisa, com o tema Surgimentos de ancestrais fundadores de linhagens nos códices da Mixteca Alta: Selden, Vindobonenses e Zouche-Nuttall, realizada por Ana Cristina Vasconcelos, de 23 anos, já acontece desde o ano passado, mas a ideia é mais antiga, como a pesquisadora esclarece. “Na realidade, faço parte do Cema [Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos, ligado à FFLCH] desde 2008, participando das discussões sobre línguas indígenas e assuntos próximos, aí decidi me aprofundar mais no assunto.”

A aluna de quinto ano da graduação, orientada pelo professor Eduardo Natalino, do Departamento de História da FFLCH, afirma que no início as dificuldades foram grandes. “Como se tratam de códices registrados em uma linguagem pictoglífica [que utiliza imagens e glifos], ou seja, uma maneira completamente diferente das linguagens alfabéticas que conhecemos hoje, não foi fácil entender os símbolos e interpretar as mensagens”, aponta Ana Cristina. “Só após alguns meses é que fui conseguindo ler os códices mais naturalmente.”

Outra complicação, segundo a graduanda, foi na coleta de material bibliográfico. “A maioria dos estudos voltados à vida indígena em geral é estrangeira, então não tenho encontrado tanta bibliografia, sobretudo em português, como fonte de estudo”, revela a aluna. “Viajei ainda no ano passado para o México para ter mais acesso a uma maior quantidade de material, e assim dar seguimento à pesquisa.”

Durante a conversa com a reportagem, Ana Cristina mostrou alguns fac-símiles de códices, contendo os pictoglifos. “Os estudos são feitos mais sobre os fac-símiles, porque os códices verdadeiros não podem ficar circulando, para sua própria preservação. Eles eram feitos de pele de veado, coberta com estuque, para maior durabilidade”, explica. “O curioso é que alguns desses povos mesoamericanos chegavam a reaproveitar mais de uma vez o mesmo códice, apagando a mensagem original.”

As imagens analisadas são representações que, por vezes, seguem padrões de uso, o que permitiu à pesquisadora a identificação de repetições dos eventos de nascimento dos membros de elite mais antigos ou importantes daquelas civilizações. “As figuras que mostram uma personagem sobre uma cavidade sempre significam o momento do nascimento daquela personagem. Há outros elementos também, como uma representação de forças da natureza, determinadas quantidades de itens simples e desenhos de animais, fatores que permitem a identificação da personagem, por exemplo, o senhor ‘Oito Vento, Águia de Pedernais’.”

Apesar da demora em analisar os códices em conjunto, pela ausência de datação dos documentos – apenas um é identificado, de cerca do ano 1550 – a expectativa é de conclusão da pesquisa em maio de 2013. “Mesmo com o fim dessa pesquisa, acho que descobri que área de estudo vou seguir depois”, afirma, sorrindo.

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