ISSN 2359-5191

11/10/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 95 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Sensores aplicados à gestão ambiental dinamizam a relação do homem com a natureza

São Paulo (AUN - USP) -Professor do Departamento de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Carlos Eduardo Cugnasca desenvolve junto a uma equipe de profissionais de outras áreas, como biólogos e agrônomos, projetos de pesquisa relacionados à agricultura de precisão e biodiversidade.

Voltada para um melhor aproveitamento do solo, assim como para a economia de recursos, a agricultura de precisão faz uso de dispositivos de posicionamento global (GPS) para definir qual a quantidade de pulverizadores e água necessários, por exemplo, para cada porção de terra em que é produzida determinada cultura. Segundo Cugnasca, “por meio do GPS conseguimos uma localização precisa no campo, garantindo que na hora da pulverização só se pulverize o local certo na quantidade certa; além de ser possível economizar água, um dos bens mais preciosos do planeta”. De acordo com ele, antigamente, a análise do solo ficava restrita ao estudo de pequenas amostras, cujos valores eram utilizados para representar toda uma área de cultivo, sendo inviável monitorar com precisão as particularidades de cada porção.

Atualmente, novos dispositivos começam a ser utilizados para o monitoramento agrícola: as redes de sensores sem fio. Elas são constituídas por pequenas placas computadorizadas, que têm a capacidade de medir, por exemplo, temperatura, umidade, radiação solar, potencial hídrico do solo e pressão atmosférica. Envolvidos por caixas capazes de resistir à chuva e à poeira, esses dispositivos podem ficar ativos por até cinco anos, sem que seja necessário trocar suas baterias, isso porque possuem células solares, que carregam as baterias durante o dia e mantêm seu excedente de energia para o funcionamento à noite.

Outra pesquisa realizada pelo Grupo de Tecnologia da Informação aplicada ao Agronegócio e Ambiente diz respeito ao estudo do comportamento das abelhas. Segundo o professor, “a agricultura não existiria como conhecemos hoje se não fossem os polinizadores, por isso, a importância de se saber qual a melhor espécie de abelhas para determinada cultura”. Nas palavras dele, “o aluguel de colmeias ainda é uma prática comum na agricultura, em especial no cultivo protegido”, o que revela o potencial desses insetos para polinizar diversas espécies de plantas na natureza.

No caso das abelhas, o sistema de monitoramento consiste na instalação de sensores sem fio, com baterias recarregáveis em campo ou em laboratórios, o que permite que se acompanhe o comportamento desses insetos face às alterações das condições do ambiente, como temperatura, umidade e luminosidade, dentro e fora das colmeias.

Em relação aos sensores espalhados no ambiente, a captação das informações acontece graças à comunicação entre as antenas de rádio de cada um dos pequenos aparelhos que, transferindo o sinal entre si, garantem a transmissão dos dados até uma central de computadores. Assim sendo, é possível monitorar as abelhas de qualquer parte do mundo, sendo necessário apenas que os computadores estejam conectados à internet.

Sobre a aplicação dos conhecimentos gerados com os estudos, o professor relata uma série de exemplos. Como a otimização da produção de uvas, cultura essa muito sensível às mudanças climáticas e que exige diferentes graus de qualidade, seja para a produção de vinhos ou sucos. Nessa passagem, ele aponta para a redução da necessidade do produtor, que habita áreas mais geladas do país, como o Rio Grande do Sul, ter de pressupor a chegada de uma noite fria que pode prejudicar a sua plantação. Dessa forma, ao invés de sair de casa durante a madrugada, munido de um termômetro e um higrômetro (aparelho capaz de medir a umidade ambiente), o agricultor pode contar com a ajuda de sensores comercialmente disponíveis que medem as grandezas de maior interesse à cultura, sabendo assim a hora certa de cobrir suas parreiras com plástico ou de queimar óleo para criar uma camada protetora que diminui o contato da plantação com o ar frio.

Outro caso prático, possível de se fazer uso de sistemas de monitoramento, trata da preservação de reservas ambientais. Uma vez que, por meio de sinais de comunicação por telefonia via satélite, há como se identificar princípios de incêndio, conhecer o hábito dos animais e evitar expedições de pesquisadores a esses santuários ecológicos, o que muitas vezes causa transtornos às espécies, desacostumadas com a presença humana.

Em relação à USP, o projeto também tem permitido que a vegetação nativa da Mata Atlântica seja catalogada e monitorada. Com pregos dotados de códigos de identificação – conhecidos com RFID (identificação por radiofrequência), similares aos encontrados em chachás de acesso e cartões como o Bilhete Único – instalados nas árvores, em breve será possível conhecer as espécies nativas da área, assim como a idade de cada planta. A ideia dos pesquisadores é ampliar os incentivos à preservação e poder programar podas futuramente, em função do tempo de vida das árvores. Assim como, possibilitar programas de visitas monitoradas, podendo-se obter de cada árvore, por meio de smartphones, as suas principais informações.

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