ISSN 2359-5191

11/10/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 95 - Educação - Instituto de Psicologia
Estudo com ratos comprova teoria econômica do consumo

São Paulo (AUN - USP) - Estudo com ratos, realizado no Instituto de Psicologia (IP) da USP, conseguiu comprovar teoria econômica sobre as leis do consumo humano, a “propensão marginal a consumir”. Ela se baseia em estudos sobre o comportamento do consumidor, analisando a influência que a renda total tem sobre seu consumo. Ela mostra que o aumento da renda acontece em maior proporção que o consumo do indivíduo. Em um determinado momento, ele atinge o que é necessário para viver e diminui sua demanda de compras. “É difícil realizar pesquisas que mostrem na prática essa relação em humanos, pois é inviável manipular a renda de humanos por um período longo. Por isso buscamos um animal com variáveis de comportamento semelhantes”, diz a pesquisadora Ana Carolina Franceschini.

Ana Carolina é formada em economia pela Unesp e em psicologia pela USP e foi essa dupla formação que a fez buscar um trabalho que contemplasse as duas áreas. “Uma contribuição desse estudo é mostrar que existe uma série de teorias mundo a fora, que podem ser estudadas a partir do comportamento humano e de um olhar multidisciplinar.”

Dentro do Laboratório de Análises Bio-Comportamentais, Ana Carolina trabalhou com oito ratos. A primeira etapa consistiu em ensiná-los o conceito de renda. Ela diz que o conceito de dinheiro não nasce com nenhum animal. O ser humano é apresentado a ele ao longo de sua formação.

Para isso, foi utilizado equipamento chamado Caixa de Skinner. Trata-se de uma estrutura retangular, com um bebedouro de água e uma alavanca, sensível ao toque. Ao apertar a alavanca por dez vezes, o rato recebe uma gota de água. Depois de alguns dias realizando o mesmo procedimento, os ratos aprendem que precisam realizar esse esforço para receber sua porção de água – eles ficam sem consumir nenhum líquido pelo resto do dia.

Depois de ter aprendido o sistema, é possível ensinar-lhes o conceito de renda. Um painel com 14 leds, pontos de luz, é colocado na cabine. Quando as luzes estão acesas, o esforço que o rato faz para conseguir a água é recompensado. Quando as luzes estão apagadas, nada acontece. “Isso o faz entender que a luz é o que determina o fato de receber a água ou não. Ela vai funcionar aqui como o dinheiro funciona para o homem. Ela é uma espécie de renda”, diz ela. A partir disso é possível manipular a quantidade de luz e analisar as mudanças de comportamento apresentadas pelos animais.

Os ratos conseguiram entender a lógica da situação e, depois de alguns dias submetidos ao processo, pararam de requerer água quando as luzes estavam apagadas.

Manipulação da renda
Para entender o comportamento a partir da variável “renda total”, Ana Carolina passou a fornecer aos ratos diferentes “quantidades” de leds. Cada luz representava sete gostas de água, portanto, depois de dez toques na alavanca o rato recebia uma gota e depois de fazê-lo por sete vezes, a luz se apagava. Em uma segunda etapa, os ratos passaram a receber água livremente e cada luz passou a representar quatro gotas de água com açúcar.

A cada dia os ratos tinham disponível diferentes números de leds acesos e eles tinham que lidar com essa variação de “renda”.

O que a psicóloga observou é que, até determinado momento, o crescimento do consumo acompanha o crescimento da renda. “Quanto mais leds acesos eles tinham, mais eles consumiam.” Mas depois de um certo momento, esse consumo não aumentava mais na mesma proporção, pois os ratos já estavam saciados. “Depois de tomar tudo aquilo que lhes era necessário, eles deixavam de consumir na mesma proporção, pois passavam a considerar o custo benefício, ou seja, se o esforço de apertar as alavancas valia as gotas de água ou de água com açúcar extras, que eles já não precisavam tanto”, explica.

Essa diferença no padrão do aumento do consumo está presente na teoria da propensão marginal a consumir, de modo que esta pesquisa vem a comprovar os pontos que ela cunhara.

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