ISSN 2359-5191

04/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 122 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Primeiro chute da Copa 2014 será de jovem brasileiro usando exoesqueleto

São Paulo (AUN - USP) - O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke (EUA) e do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, afirmou que na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, o primeiro chute será dado por um jovem deficiente brasileiro usando um exoesqueleto.

Ele concedeu uma palestra sobre seu trabalho em 22 de novembro no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e, sobre a abertura, declarou: ”Nós acabamos de receber a confirmação da Fifa e do governo brasileiro”.

O projeto é parte de um consórcio internacional, do qual fazem parte várias instituições. O pesquisador conta: “o consórcio conta com a Duke University, várias universidades na Europa e AACD, com a qual acabamos de assinar uma parceria”. Ele comenta: ”O paciente usaria um exoesqueleto pra andar até o centro do campo e chutar a bola pra abrir a Copa com um gol cientifico, para demonstrar que o Brasil é um pouco mais do que só o país do futebol”.

Durante a palestra, com o título Principles of Neural Ensemble Physiology (Principios da Fisiologia de Conjuntos Neurais), Nicolelis expôs as pesquisas que possibilitaram sua equipe a chegar no projeto de restituição de mobilidade em humanos. A origem das pesquisas de Nicolelis é estudar a unidade básica funcional do sistema nervoso central como sendo uma população difusa de neurônios (e não apenas um neurônio, como se pensava antes) que interagem em circuitos, sugerindo uma interação indireta entre seus núcleos.

A partir disso, desenvolveu diversos experimentos com macacos rhesus. Foram implantados no topo das cabeças desses animais sensores wireless (sem fio) que enviam informações de atividade cerebral 24 horas por dia. Ele diz: “usando esse método, o que a gente registra são potenciais de ação extracelulares”.

As pesquisas começaram analisando estímulos para comportamentos táteis, mas mudaram para comportamentos motores, mais precisos para serem quantificados. Foi criada uma interface cérebro-máquina que liga os dados digitais de atividade cerebral dos animais para máquinas, com um feedback (resposta) visual para o cérebro.

No primeiro experimento, um macaco rhesus aprendeu a usar um jogo de vídeo game com joystick (controle). Quando já estava treinado, o controle foi retirado e foi ligado um braço robótico aos sensores no cérebro do macaco: “O animal tinha que adivinhar que o jogo agora era relaxar e imaginar o movimento necessário e deixar o resto conosco. A única chance de ele ganhar a recompensa era que esse braço (mecânico) conseguisse alcançar a trajetória. O animal parou de se mexer e começou a jogar o jogo usando apenas a atividade cortical”, disse Nicolelis.

Ele explica que nessa situação, embora não mova seu próprio braço, e sim o mecânico, o neurônio não para de “disparar” estímulos, pois isso “é parte da codificação do movimento extra corpóreo”.

Em outro experimento, foi criado um avatar virtual completo de um macaco, que foi posicionado em frente a uma tela, com óculos de luz polarizada, para que o avatar parecesse real. Nicolelis conta: “Começamos com dois braços na tela, ocluindo braços reais (do animal) com uma mesa e embaixo da mesa colocamos robô que encostava no braço real ao mesmo tempo que esfera encostava no braço do avatar. Quando só toco no avatar, as células continuam respondendo”.

Para o pesquisador, isso significa que o estigma corporal de macacos rhesus e humanos é maleável, ou seja, nosso cérebro pode perceber objetos e ferramentas como uma extensão de nosso corpo.

Segundo o pesquisador, a partir dessa conclusão surge a esperança de devolver a mobilidade a pessoas paralisadas, por meio de instrumentos controlados por estímulos cerebrais transformados em dados digitais, como o exoesqueleto que está sendo construído.

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