ISSN 2359-5191

04/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 122 - Arte e Cultura - Escola de Comunicações e Artes
Desafio de Na Estrada foi adaptar história icônica, diz roteirista

São Paulo (AUN - USP) - Para José Rivera, roteirista do filme Na Estrada (On the Road, 2012), o desafio de adaptar o livro homônimo de Jack Kerouac para o cinema foi o de ”ser um história icônica, com tanta história e bagagem. Este foi o primeiro desafio, ser capaz de esquecer todas as coisas que vêm com On the Road, os milhões de fãs que vão ficar decepcionados com o que você fez”.

A declaração foi dada durante conversa com alunos de audiovisual organizada em 26 de novembro pelo Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP.

Além do recente Na Estrada, Rivera escreveu, entre outros, o roteiro de Diários de Motocicleta (The Motorcycle Diaries, 2004), indicado ao Oscar e ao Bafta (prêmio britânico) na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Rivera conta: “O segundo desafio comOn the Road é que é não linear, cheio de histórias secundárias e digressões. Todo o desafio foi encontrar o arco da história, que a levaria do começo ao fim”.

Ele diz que para encontrar o fio que conduziria a trama no cinema, foi necessário fazer pequenas mudanças: “A primeira frase do roteiro é ‘Eu conheci Dean Moriarty depois que meu pai morreu’. No livro a primeira linha é ‘Eu conheci Dean Moriarty depois do meu divórcio’. É muito diferente. Walter (Salles, diretor do filme) e eu discutimos e decidimos que a morte do pai de Jack é muito mais importante para a abertura do filme”.

Para Rivera: “Tematicamente, o filme se tornou sobre a busca pelo pai. Quando descobrimos isso, tínhamos um tema que unia todas essas partes do livro (...) Uma vez que você entende o tema unificador, tudo que concorda com aquele tema fica no roteiro e o que não concorda é jogado fora”.

O roteirista disse que Na Estrada e Diários de Motocicleta, ambos dirigidos pelo cineasta brasileiro Walter Salles, apresentaram um desafio semelhante: “Uma das partes do livro de Ernesto (Che Guevara) mais interessantes é quando ele nada no rio Amazonas. Walter tomou isso tematicamente, porque o filme pergunta ‘quando você atravessa o rio?’, ‘você fica no lado seguro ou no lado em que é mais perigoso, onde as pessoas são pobres, doentes?’. E Ernesto nadou para o lado dos leprosos”. Ele explica: “Quando descobrimos isso, tivemos a ideia temática que uniu todo o filme. Esse foi um dos grandes desafios em ambos os livros”.

Projetos atuais
Rivera revelou que está trabalhando para estrear como diretor no cinema: “Estou prestes a escrever meu primeiro filme, chamado Celestina, baseado em uma peça que eu escrevi anos atrás. Eu estou começando a entender a experiência do cinema pela perspectiva do diretor. Tenho sido escritor de roteiros por muito tempo e estou muito animado por essa experiência”.

Ele revelou que recentemente escreveu o roteiro para “Los 33”, filme sobre os mineiros do Chile que ficaram presos em uma mina, que ainda não foi lançado. Sobre sua preparação e pesquisa para o roteiro, disse: “Eu fui ao Chile, conheci os mineiros, fiz longas entrevistas com eles e escrevi o roteiro baseado em suas vidas e sua experiência”.

Além disso, tem mais um interessante projeto. Rivera está escrevendo para o Show Time, canal de televisão americano, um piloto sobre Hernán Cortés e a conquista do povo asteca. Ele adianta: “Há muito sexo e assassinato”.

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