ISSN 2359-5191

23/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 22 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Projeto caracteriza microorganismos degradadores de poluentes na Baía de Santos

São Paulo (AUN - USP) - Microorganismos responsáveis pela degradação de poluentes podem ajudar a despoluir a Baía de Santos. Essa é a proposta do projeto “Biodiversidade de bactérias aeróbias degradadoras de compostos organoclorados”, coordenado pela professora Vivian Helena Pellizari, do Laboratório de Microbiologia Ambiental do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Posteriormente, a idéia inclui despoluir biologicamente os sedimentos tóxicos presentes no local, tratando-os para só depois lançá-los ao mar.

Numa primeira etapa, o projeto procurou investigar a ocorrência e diversidade de bactérias capazes de degradar compostos organoclorados e hidrocarbonetos nas amostras coletadas no estuário de Santos. Das 61 espécies de bactérias analisadas e encontradas no local, 12 possuíam genes com enzimas próprias para a biodegradação de PCBs (organoclorados) e 44 apresentaram eficácia contra os hidrocarbonetos, derivados do petróleo. Esse resultado demonstra o grande potencial de degradação dos microorganismos da baía.

A região de pólo petroquímico, já famosa por ser de uma das mais poluídas do país, recebe grandes quantidades diárias de substâncias tóxicas, especialmente hidrocarbonetos, derivados do petróleo, que passam a se acumular nos sedimentos do estuário.

Freqüentemente tais sedimentos têm de ser retirados e dragados para desobstruir e passagem e facilitar o grande fluxo de navios do maior porto do país. E o destino que normalmente se dá a eles costuma ser o alto mar, contribuindo para poluir outros ecossistemas e prolongar o problema, já que os sedimentos tóxicos tendem a se depositar novamente.

"Nossa pesquisa procura oferecer uma alternativa a esse ciclo poluidor por meio da biorremediação, que é o tratamento biológico, com microorganismos do próprio ambiente que passam a degradar esses poluentes tóxicos", explica Vivian.

Apesar da alta toxidade, alguns microorganismos conseguem se adaptar a esse ambiente. Frente ao poluente, passam a desenvolver enzimas oxigenadas especiais próprias para a degradação. Os que se adaptam podem transferi-las para outros, também visando a melhor adequação ao ecossistema. Utilizando-se de biorreatores, isto é, sistemas capazes de simular as condições ambientais do estuário, os pesquisadores pretendem simular as condições físicas do local e estimular o desenvolvimento das bactérias.

“Já finalizamos a etapa da caracterização. Nosso próximo passo será estimular a maior adaptação e facilitar a reprodução das poucas espécies que conseguiram sobreviver naquele meio para otimizar a despoluição. Mas para isso, teremos que disponibilizar o sedimento de forma a facilitar o processo de biodegradação, o que ainda está em estudo”, afirma a pesquisadora.

O projeto conta com o apoio financeiro da Fapesp, por meio do programa Biota, de estudos da biodiversidade. Além disso, recebe o incentivo da Cetesb, órgão público responsável pela dragagem e retirada dos sedimentos.

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