ISSN 2359-5191

23/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 22 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Confiar cegamente em aparelhos médicos é atitude de risco

São Paulo (AUN - USP) - Uma pessoa que resolve medir a sua própria temperatura com um termômetro convencional dificilmente duvidará do resultado obtido: se, ao olhar o instrumento, descobrir que o termômetro indica uma temperatura correspondente ao estado de febre, certamente acatará isso como verdade. Com muitos profissionais, como os da área de saúde, acontece o mesmo: ao conseguirem um dado por meio de um aparelho de medição, acreditam nele como se não houvesse possibilidade de engano. No entanto, isso pode ser um erro. Este é o alerta feito pelo professor José Carlos Moraes, um dos coordenadores e fundadores do LEB, Laboratório de Engenharia Biomédica da Escola Politécnica da USP.

Analisar os dados que um aparelho de medição emite pode ser, em algumas ocasiões, algo extremamente trabalhoso, envolvendo matemática avançada e conceitos de estatística, como teoria da probabilidade e processos estocásticos. Isso representa um problema para profissionais da medicina ou da educação física, que, algumas vezes, se utilizam largamente de aparelhos de medição sem interpretar corretamente os dados obtidos. Para isso, um grande número de ferramentas de auxílio a esses profissionais foram desenvolvidas. Mas qual ferramenta deve ser utilizada em cada caso? O professor José Carlos sugere uma parceria com os engenheiros biomédicos para a solução do problema. Além disso, está em desenvolvimento o projeto de um equipamento inédito que avaliará de maneira completa a parte elétrica dos aparelhos médicos. “Isso facilitará muito, tanto para os fabricantes quanto para os hospitais”, afirma o professor.

O LEB, criado em 1981, tem em boa parte de seus projetos o objetivo de auxiliar à instrumentação biomédica brasileira. Um dos principais trabalhos do laboratório, desenvolvido pela Divisão de Ensaios e Calibração (DEC), é o de ensaiar e avaliar aparelhos médicos para sua comercialização. Atrelada a essa atividade, está uma série de pesquisas sobre como esses aparelhos devem ser adequadamente avaliados. “Inclusive, nós estamos na fase final de um credenciamento junto ao INMETRO”, acrescenta o professor José Carlos. Tais procedimentos e o certificado de segurança resultante são necessários para o registro do aparelho médico na ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que exige a realização dos ensaios para liberar a comercialização de produtos nacionais e importados. O LEB também atua na elaboração de normas técnicas para ensaios e calibração dos aparelhos, de modo a unificar os critérios para os ensaios realizados em território nacional.

Outras pesquisas

Além do que já foi citado, o LEB atua também desenvolvendo outros projetos de pesquisas envolvendo a área médica. Grande parte desses projetos envolve convênios com empresas particulares, que encontram na Universidade um meio mais barato para desenvolvimento de novas tecnologias.

Na área da ortodontia, o laboratório estuda as forças que atuam sobre os dentes, bem como as forças que se propagam pela arcada dentária quando, por exemplo, se mastiga. Com base nisso, pode-se desenvolver aparelhos dentários de maneira mais criteriosa, que eliminem esforços indesejados feitos pelos dentes.

Outro estudo de grande importância do LEB é na área de reabilitação de pessoas deficientes. Com base na análise dos movimentos humanos, trabalha-se, por exemplo, a estimulação artificial dos doentes, através de geradores de correntes: “você pode condicionar uma pessoa que está sentada numa cadeira de rodas e, estimulando adequadamente o corpo dela, fazer com que ela se levante”, diz o professor José Carlos. Segundo ele, futuramente deficientes poderão, através da estimulação elétrica funcional, realizar movimentos mais complexos, como atender ao telefone ou ir ao banheiro sem a necessidade de ajuda.

Mais informações:
Professor José Carlos Moraes – LEB/EPUSP
Tel. 3091-5269
jcmoraes@leb.usp.br

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