ISSN 2359-5191

21/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 138 - Saúde - Instituto de Química
Doença de Chagas ainda não possui remédio eficiente

São Paulo (AUN - USP) - O que fez do mal de Chagas uma doença, hoje, praticamente erradicada no Brasil, foram formas de combate de caráter preventivo: adequação de moradias, controle reforçado do funcionamento de bancos de sangue e campanhas intensivas para a eliminação do barbeiro – mosquito vetor da infecção – favoreceram a diminuição no número de ocorrências. No entanto, o desenvolvimento de medicamentos a partir de estudos científicos da interação do protozoário causador da doença, oTrypanosoma cruzi, com a célula humana, nunca foi bem-sucedido.

“Os quimioterápicos produzidos para combater o mal de chagas disponíveis no mercado são pouco eficientes e possuem sérios efeitos colaterais”, declara Maria Julia Manso Alves, professora do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP (IQ) e coordenadora do Laboratório de Bioquímica de Parasitas.

Segundo a professora, o estabelecimento de novas drogas que combatam o Trypanosoma cruzi com mais eficiência é de grande importância. Até porque, ainda são registrados, de acordo com dados divulgados no primeiro semestre deste ano pelo Ministério da Saúde, de 150 a 200 novos casos anuais de doença de Chagas no Brasil, sendo 95% deles nos estados do Pará e Amapá.

A determinação de uma via bioquímica ou um componente distinto que se encontre, preferencialmente, no parasita durante a interação deste com a célula, poderia ser usada como alvo para uma possível droga. “Nosso grupo está interessado em entender a nível molecular o fenômeno biológico de invasão celular executada pelo protozoário em questão”, comenta.

No final da década de 1970 e no começo da de 1980, quando o assunto começava a ser pesquisado a fundo, pensava-se na possibilidade de gerar anticorpos que impedissem o parasita de invadir a célula humana. O princípio de uma vacina. Viu-se, porém, que seria inviável. “Isso por causa da complexidade molecular deste parasita, descrita ao longo do tempo por diferentes pesquisadores, incluindo o nosso grupo”, explica Maria Júlia.

No Laboratório de Bioquímica de Parasitas, a professora e sua equipe utilizam técnicas de biologia celular, estudando através de culturas de células e obtendo anticorpos específicos, além de realizar a identificação de proteínas do parasita por fosforilação. “Estudo a superfície do Trypanosoma cruzi desde meu doutorado”, declara. “As moléculas mudaram ao longo do tempo. Nosso laboratório determinou pela primeira vez, na década de 1990, o papel de uma família de proteínas – as quais chamamos de Tc-85 – na invasão de células de cultura de tecido e sua interação com laminina, um dos componentes da matriz extracelular do parasita”. As regiões em que as duas moléculas interagem também foram determinadas. Agora, a professora procura que tipo de resposta bioquímica ocorre nessa interação.

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