ISSN 2359-5191

04/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 1 - Arte e Cultura - Cinusp Paulo Emílio
Novo cinema brasileiro volta a ser tema de mostra do Cinusp

A mostra “Novíssimo Cinema Brasileiro 2013” integra a programação dos meses de março e de abril do Cinusp “Paulo Emílio”. A abertura do evento, no dia 18 de março, contou com a exibição do filme “O Som ao Redor” e com um debate com o roteirista e diretor, Kleber Mendonça Filho. A programação da mostra estará em cartaz até o dia 5 de abril, no próprio Cinusp, e inclui filmes como A Febre do Rato, Super Nada, Cara ou Coroa e Reis e Ratos.

“Novíssimo Cinema Brasileiro 2013” pretende contrapor alguns longas do atual cenário brasileiro de caráter comercial e popular, com outros considerados mais artísticos, ou independentes. Essa é a segunda edição do evento, que ocorreu pela primeira vez em 2012. A maioria das sessões de exibição conta com palestras sobre o tema, sendo que o leque de convidados passa por diretores, elenco e estudiosos dos filmes. A mostra exibirá ainda pré-estreias, como a de Travessia, no dia 3 de abril, e a de O que se Move, no dia 4.

Um país dramático

O filme escolhido para abrir o evento foi lançado no Brasil em janeiro deste ano. Apesar disso, O Som ao Redor já havia participado de festivais e mostras no exterior, sendo bem recebido pela crítica internacional. A produção de Kleber Mendonça Filho se passa em Recife (PE), cidade natal do diretor. O longa retrata a vida de moradores de uma rua de classe média da capital pernambucana, em que a falta de segurança é um dos principais problemas locais. E é justamente isso que une as diferentes histórias da trama. Em um momento, é oferecido aos personagens um serviço de segurança privada para a rua. A partir daí, Kleber costura as narrativas paralelas em torno de um único sentimento: o medo.

Ao falar sobre o conteúdo do filme, o diretor ressaltou que procurou retratar situações tensas, irônicas e sarcásticas. Segundo ele, isso foi facilitado pelo fato de o Brasil ser um país muito dramático e peculiar. A crítica interna estabeleceu O Som ao Redor como um retrato social brasileiro. Apesar disso, o jornalista pernambucano disse que não pretendia propor uma reflexão sobre o papel da classe média, e sim abordá-la socialmente de um ponto de vista realista. “Eu tenho medo de fazer um filme impreciso e preconceituoso”, contou.

Quando questionado sobre a positiva recepção externa do longa, Kléber afirmou: “O medo é universal. Ele pode ser entendido em qualquer lugar do mundo. É inevitável que algo se perca na tradução, mas, ainda assim, dá para se compreender o filme. A decodificação de tudo que foi dito só vai se dar mesmo no Brasil. Só nós temos o plug-in para captar as nuances”.

Sobre o nome O Som ao Redor, o pernambucano comentou que construiu um filme em que o som pudesse ser o protagonista. “Eu criei uma paisagem sonora, porque é um filme de observação. Não queria usar música dramática, como as trilhas clássicas. Os sons da cena são estrategicamente colocados e viram uma música orgânica.”, ressaltou.

O debate, que foi mediado por Esther Hamburguer, diretora do Cinusp “Paulo Emílio”, seguiu à risca a proposta de provocar questionamentos de ordem estética e analítica nos expectadores. A mostra “Novíssimo Cinema Brasileiro 2013” exibe sessões às 16h e 19h, de segunda a sexta. O Cinusp fica localizado na Rua do Anfiteatro, 181, no Favo 4 da Colmeia, na Cidade Universitária.

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