ISSN 2359-5191

05/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 2 - Ciência e Tecnologia - Instituto Butantan
Instituto Butantan discute sua produção científica

O Instituto Butantan é palco  do segundo semestre do Fórum Científico – Grupo de Convivência em Pesquisa, com o intuito de promover a integração e discussão entre alunos e colaboradores do instituto. Visando os cursos graduação na área das ciências biológicas, são realizadas palestras quinzenalmente que procuram aproximar as linhas de pesquisa ao cotidiano acadêmico. No meio do mês de março, o primeiro dia do evento trouxe a palestra “Células tronco: conceito, legislação e aplicações”, ministrada por Nelson Foresto Lizier. O pesquisador tem seu trabalho de doutorado vinculado ao Laboratório de Genética do Instituto Butantan, comandado pela professora Irina Kerkis, que nos últimos anos tem divulgado importantes descobertas nos estudos sobre células-tronco no Brasil.

Células-troncos são células ainda não diferenciadas, com grande capacidade de replicação e colonização quando utilizadas em terapias celulares, encontradas em várias etapas do desenvolvimento dos organismos.  Classificadas em diferentes categorias, o grau de especialização dessas estruturas é inversamente proporcional à capacidade de diferenciação e multiplicação das células. “Conforme as células vão se tornando mais especializadas, do grau de totipotência [capacidade de diferenciação em qualquer célula do organismo] para unipotência [capacidade de diferenciação em um único tipo de célula], você tem uma perda na capacidade de multiplicação e uma perda na capacidade de diferenciação”, explica Lizier.

No Brasil, a Lei de Biossegurança permite o uso de células-tronco embrionárias (CTE) em pesquisa de embriões que seriam descartados, excedentes e inviáveis produzidos para fins reprodutivos. Além de precisarem estar congelados há mais de 3 anos, o uso em pesquisa só é permitido após o consentimento dos pais mediante doação. A mesma lei também proíbe a engenharia genética de embriões e sua produção para propósitos que não sejam relacionados à reprodução. Mesmo que limitadas, as aplicações das CTE são vastas para o estudo do desenvolvimento humano, passando pela terapia celular à produção de órgãos em laboratório.

Dado esse panorama legislativo, o Laboratório de Genética do Instituto Butantan tem buscado avançar nos estudos acerca de células-tronco pluripotentes induzidas e também de células-tronco mesenquimais. O primeiro tipo de célula é uma reprogramação de outras já existentes, que através de processos de indução de manifestação de certos genes adquirem condições semelhantes às embrionárias. Porém, o especialista faz a ressalva de que células induzidas não são CTE, pois “têm um padrão semelhante, mas diferem nos processos de metilação, que são extremamente importantes para determinação e utilização dessas células”. Já a outra categoria, as mesenquimais, refere-se às encontradas no estroma (estrutura de suporte dos tecidos) com a capacidade de diferenciação em variadas células, sendo a pesquisa motivada pelo utilização em reparo e regeneração de órgãos.

Em seu doutorado, Lizier procura meios para o desenvolvimento de produção em larga escala de células-tronco mesenquimais a partir da polpa dentária, para utilização em pacientes humanos. Além de ser mais protegida de agentes externos e apresentarem um potencial proliferativo grande, ele aponta que como grande benefício, “a célula-tronco do dente tem uma origem mista, proveniente de células remanescentes da crista neural, mais próximas das células embrionárias”.

Um exemplo do uso de terapia celular desenvolvida no Laboratório de Genética, em parceria  com o Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH-USP), foi a aplicação de células-tronco mesenquimais em cães portadores da distrofia muscular de Duchenne. A doença age degenerando o tecido muscular ao longo da vida do animal, contudo, após o implante destas células, houve recuperação parcial de partes dos músculos. Na teoria, muitas doenças como essa podem ser tratadas com o uso de células-tronco, mas na prática o que se observa é que a resposta às novas terapias ainda varia muito, devido complexas interações entre fatores genéticos e ambientais que ainda precisam ser compreendidos.

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