ISSN 2359-5191

23/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 22 - Educação - Faculdade de Educação
Seminário resgata experiência da Escola Experimental da Lapa

São Paulo (AUN - USP) - A experiência inovadora da Escola Experimental da Lapa, que por décadas dedicou-se à superação do ensino tradicional, foi resgatada no seminário “Anos 60: cultura e educação - diálogo com as experiências”, que aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de outubro, na Faculdade de Educação da USP.

Segundo José Cerchi Fusari, um dos coordenadores do seminário, “o objetivo é olhar essa experiência para descobrir como ela pode contribuir para uma política de democratização do ensino e para a criação de políticas públicas na área de educação”. Fusari, que foi professor e orientador pedagógico e educacional da escola experimental entre 1967 e 1976, a considera de extrema importância na história da educação no estado de São Paulo.

A discussão sobre a proposta da Experimental da Lapa, que aconteceu no dia 25, a partir das 9h, foi composta por mesas redondas e contou com a presença de educadores que foram professores e diretores das escolas experimentais (da Lapa e de mais três escolas que foram criadas influenciadas por ela).

Criada em 1939 no Parque da Água Branca, como Escola de Aplicação D. Pedro I, e transferida para a Lapa, em 1955, como escola experimental, a Escola Estadual Dr. Edmundo de Carvalho, ou simplesmente Experimental da Lapa, foi inovadora em muitos sentidos.

Implantou um projeto educacional integrado, que formava o aluno ao longo dos 11 anos que compreendiam a pré-escola, o primário e o ginásio (hoje educação infantil e ensino fundamental), a equipe da escola e a própria comunidade.

Segunfo Fusari, "existia um grande rigor no planejamento, no desenvolvimento e na avaliação das atividades", além de um grande esforço em trabalhar as aulas de forma mais dinâmica e participativa.

O espaço da escola era aproveitado em sua totalidade. Havia instalações de música, de artes plásticas, de artes industriais, de teatro, de expressão corporal, além de professores e profissionais especializados para a aplicação de atividades nesses espaços.

A preocupação com a formação dos professores, para Fusari, era um grande diferencial da escola, de forma que muitos educadores estavam envolvidos em pesquisas, que eram aplicadas na própria escola - uma das poucas experiências educacionais em que teoria e prática eram fortemente ligadas. Muitos professores que lecionaram no Experimental da Lapa hoje são pesquisadores das principais universidades do estado.

A partir da década de 70, as experiências da escola passaram a ser compartilhadas com toda a rede pública, através de publicações temáticas distribuídas gratuitamente. Inclusive, um dos esforços dos coordenadores do seminário é reunir essas publicações para formar um acervo na biblioteca da Faculdade de Educação da USP.

Em 1999 a Secretaria da Educação decidiu extinguir a Escola Experimental da Lapa, pelos altos custos que ela demandava e pela falta de expectativas em ampliar o projeto para as outras escolas da rede pública (já que seu custo era elevado). Hoje, no local, funciona uma escola pública comum, que mantém o nome Dr. Edmundo de Carvalho.

“Se você falar sobre a escola experimental na região, as pessoas lembram dela com muito respeito. Os alunos realmente gostavam da escola. Os pais brincavam que até nas férias seus filhos queriam freqüentá-la. E não só os alunos, mas as famílias, os professores e os funcionários também gostavam”, afirma Fusari. Mas ele não se diz saudosista. “Ela foi muito importante naquele momento histórico. Hoje, o importante é olhar para essa experiência e ver como ela pode contribuir para uma política de democratização do ensino”, conclui.

Muitas experiências feitas na Escola Experimental da Lapa, desde a década de 60, somente nos últimos anos estão sendo implantadas em algumas escolas do país, tamanha a inovação das propostas educacionais para a época. Daí a importância de resgatá-las e estudar como elas podem contribuir para o quadro educacional atual.

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