ISSN 2359-5191

25/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 10 - Arte e Cultura - Cinusp Paulo Emílio
Cinusp recebe pré-estreia de O Abismo Prateado com a presença de diretor e atriz

Nessa segunda, dia 22 de abril, o Cinusp Paulo Emílio recebeu a pré-estreia do filme O Abismo Prateado, dirigido por Karim Aïnouz. A trama foi premiada no Festival do Rio, e no Festival de Havana. A exibição ocorreu às 19h, e depois houve um debate com o diretor e com a atriz principal, Alessandra Negrini. Eles trataram sobre temas como a importância do cenário na construção do desenvolvimento da história, e a relação ator-diretor. A obra se baseia livremente na canção de Chico Buarque, Olhos nos Olhos.

Tanto o filme, quanto a música tratam de uma mulher que foi abandonada por quem amava. Em O Abismo Prateado, Violeta, a protagonista, recebe uma mensagem do marido em que ele diz que foi embora de casa e não voltará porque não a ama mais. A partir daí, a dentista de meia idade, mãe de um garoto de 14 anos, tenta encontrar um modo de agir em meio ao abandono.

Toda a trama se baseia em recursos sensoriais para demonstrar a temática do abandono e da reação da protagonista. O diretor aposta em elementos visuais e sonoros para compor o cenário caótico e confuso do choque da notícia, e para demonstrar ao espectador a calma posterior à dor inicial.

No debate com a plateia, Karim comentou que o longa, filmado em 2010 e concluído em 2011, foi o mais rápido, em questão de produção, dos filmes já feitos por ele. Ele também é autor de Madame Satã, O Céu de Suely e Viajo porque preciso, volto porque te amo. Todos eles tiveram um longo processo de construção. O diretor disse ainda que O Abismo Prateado surgiu de uma forma tão rápida que fez com que ele tivesse que adiar a produção de um outro filme que ficará pronto em breve, Praia do Futuro, com Wagner Moura no papel principal.

Durante a conversa, Alessandra Negrini e Karim Aïnouz demonstraram ter uma relação bastante sincronizada. Quando perguntados sobre a importância do diálogo ator-diretor, e sobre a liberdade criativa do ator em um filme autoral, Alessandra afirmou: “Para o ator é fundamental tentar entender o universo do diretor. Uma vez que você mergulha nele e o entende, você é livre para criar”. Karim disse ser uma relação muito íntima: “É como sexo. Não dá para dizer para a pessoa tudo que ela tem que fazer. Nós dependemos de afinamento e de confiança”.

O nome do filme também foi tema de discussões entre os espectadores. O Abismo Prateado sugere a criação de um tempo paralelo, e se passa em um período de 24 horas. “O filme trata da interrupção do tempo. Para mim, ele é um abismo em que a protagonista precisa respirar... é um lugar em que o tempo foi banido. [...] É como se a narrativa da vida da Violeta tivesse sido interrompida.”, complementa a atriz. Alessandra ainda ressalta que a música de Chico Buarque também evidencia o fato de a vida de Violeta estar suspensa, por seu tempo ser o futuro:

Quando talvez precisar de mim,

Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim

Para criar um cenário que transmitisse as sensações da protagonista ao público de maneira física, o diretor afirmou que a cidade do Rio de Janeiro figurar como locação foi essencial. A arquitetura do Rio mistura natureza e a vida urbana. “Eu queria um lugar onde fosse clara a interferência humana. No Rio de Janeiro dá para ver onde termina a natureza e onde começa a civilização. A cidade mistura esses dois elementos. [...] É um filme de vazio dentro da cidade”, afirmou Karim.

O Abismo Prateado estreará nos cinemas nessa sexta. A exibição de sua pré-estreia no Cinusp fez parte do ciclo de palestras e debates que são promovidos pelo cinema da USP (Universidade de São Paulo). Está em cartaz a mostra Breves e Inéditos, produzida em parceria com o Centro Cultural São Paulo, contendo filmes recentes que não tiveram a oportunidade de chegar ao público brasileiro. Essa mostra vai até o dia 26 de abril.

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