ISSN 2359-5191

13/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 36 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Medicina regenerativa estuda benefícios das células-tronco do tecido adiposo

Os estudos acerca dos benefícios das células-tronco mesenquimais para a medicina regenerativa e a resposta dessas à inflamação crônica (obesidade) foram tema de palestra da professora adjunta da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Leandra Baptista. Ao longo da exposição, realizada no II Sibbas (Semana de Inovações Biológicas e Biotecnológicas Aplicadas à Saúde), a professora ainda falou sobre as diferentes formas de obtenção das células-tronco mesenquimais e suas vantagens e desvantagens.

A medicina regenerativa é um campo da medicina que, como relata a professora da UFRJ, “visa a regeneração de tecidos e órgãos” e, para isso, “lança mão de diversas ferramentas biotecnológicas, dentre elas a terapia gênica, terapia celular, arcabouços biomiméticos ou biomateriais e também células. Essas podem ser tanto células-tronco quanto células diferenciadas associadas à, por exemplo, arcabouços biomiméticos, visando o restabelecimento funcional de determinado tecido”. É um ramo de grande importância, pois possibilita que lesões difíceis de serem restabelecidas sejam reconstituídas. Para desenvolver esses substitutos biológicos, a medicina regenerativa é, em essência, uma atividade interdisciplinar, abrangendo profissionais de várias áreas do conhecimento científico e tecnológico, como a biologia celular, biologia do desenvolvimento, biofabricação, biomateriais, entre outras.

Existem vários tipos de células-tronco. Nos estudos mencionados por Leandra, analisaram-se os benefícios das células-tronco do tipo mesenquimais para a medicina regenerativa. Essas células são células-tronco multipotentes (tem capacidade de se diferenciar em diversas linhagens) e encontradas em todos os tecidos, contudo, em cada um, sua capacidade de diferenciação é variável. A principal fonte desse tipo de célula é a medula óssea. O problema é que, na medula, ela se encontra inserida nas cavidades ósseas, o que dificulta o acesso a esse tipo e faz com que a extração seja mais perigosa. Já as mesenquimais encontradas no tecido adiposo (objeto do estudo) são de fácil obtenção, visto que as pessoas podem ser submetidas a protocolos de lipoaspiração (dos quais podem-se extrair essas células) várias vezes ao longo da vida. E, segundo Leandra, ainda aparecem em maior frequência nessa fonte do que na medula óssea.

Apesar de ainda não ser possível determinar o potencial de auto-renovação dessa categoria de ´celulas-tronco, estudos já indicam seus benefícios. Por exemplo, para a melhoria da qualidade de vida de portadores da doença de Crohn (doença auto-imune que afeta principalmente o intestino), restauração de lesões de cartilagem, problemas ósseos e terapia celular para várias doenças de cunho auto-imune, como a diabetes. Além disso, é benéfica também para a própria reconstrução do tecido adiposo.

Dessa forma, essas células se mostraram de bom uso para a medicina regenerativa, pois, como relata a professora, o objetivo desse campo da medicina não está só na reconstrução total, mas também em “regenerar até um certo ponto para que o paciente consiga então levar uma vida mais próxima do normal”.

Células mesenquimais em ex-obesos

Atualmente, o grupo de pesquisa do qual a professora faz parte, dedica-se a estudar se durante e após o cenário de inflamação crônica (obesidade), essas células mesenquimais do tecido adiposo ainda são fontes de células terapêuticas e se esse cenário interfere na fisiologia da célula-tronco mesenquimal. Para isso, alguns testes com o tecido de ex-obesos,  2 a 3 anos depois de terem sidos submetidos à cirurgia bariátrica, começaram a ser feitos. Resultados preliminares indicam que as células-tronco mesenquimais destes pacientes viram adipócitos muito mais facilmente, o que explica porque ex-obesos têm mais facilidade para o reganho de peso do que indivíduos que nunca foram obesos. Também ficam mais restritas, menos multipotentes do que as “normais”.

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