ISSN 2359-5191

01/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 48 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Fisiologia desempenha papel cada vez mais importante no futebol
Ex-fisiologista do São Paulo Futebol Clube falou sobre a evolução da área, usando sua carreira profissional como exemplo

O passar das últimas décadas proporcionou significativa melhora na forma de entender o comportamento do corpo de um atleta. O que na década de 70 se resumia em anotar dados numa folha folha de papel para posterior análise, se transformou em minuciosos exames e testes feitos por modernos e tecnológicos equipamentos. Nos dias de hoje, além de conhecer o que acontece com um atleta durante seu desempenho esportivo, estudar formas de previnir lesões e recuperar jogadores lesionados é o mais novo desafio do campo fisiológico.

Em evento realizado na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE), Turibio Leite de Barros, professor da Unifesp e ex-fisiologista do São Paulo Futebol Clube, proferiu palestra sobre a evolução da fisiologia do futebol. Barros contou um pouco de sua história no esporte bretão e esclareceu algumas descobertas proporcionadas pelo avanço tecnológico da área.

Em meados da década de 70, deu início aos trabalhos práticos envolvendo fisiologia e futebol, afirmou Barros. Mais trabalhoso do que o sistema atual de câmeras e máquinas inteligentes, o professor e sua equipe iam aos estádios e desenhavam em folhas de papel – com medidas proporcionais às do campo – o trajeto percorrido por cada jogador durante os 90 minutos de cada partida. Mais do que isso, cada um dos colegas do fisiologista diferenciavam no desenho os momentos em que os atletas caminhavam, trotavam e corriam.


Trabalho com pranchetas ajuda a fisiologia do futebol há décadas (Foto: Divulgação)

Após o jogo, era feita uma contagem de quantos centímetros os pontinhos representativos dos jogadores percorreram nas folhas de papel. Finalmente, um cálculo transformando a escala para quilômetros fornecia quanto cada atleta se deslocou em campo e a porcentagem de caminhada, trote e corrida no trajeto final dele. Barros atenta para o fato de que este “antiquado” método de estudar o desempenho de uma equipe é, em alguns casos, mais preciso do que os tecnológicos analisadores atuais.

A importância de levantar dados que representem “quanto tal atleta percorreu” e “como tal atleta percorreu esta distância” é o aumento do conhecimento sobre cada jogador e, consequentemente, sobre uma equipe inteira. A palestra de Barros mostrou que, conhecendo os “pacientes”, o trabalho dos médicos e dos próprios fisiologistas fica mais útil e preciso.

É neste sentido que aparece o recente desafio da fisiologia de lidar com a necessidade de previnir lesões e curar lesionados. Enquanto o trabalho de prevenção é algo anterior à atividade física, o de recuperação é posterior. E para trabalhar com conceitos que fogem dos 90 minutos da partida, é necessário entender detalhadamente o que acontece com os atletas durante todo o jogo. Este é o crescente papel da fisiologia no futebol, conforme explicado por Barros na EEFE.

Exemplos da atuação da fisiologia
Com o avanço da tecnologia e da ciência, é possível traçar perfis mais completos de cada jogador. Conceitos presentes hoje no futebol são os de atletas especialistas ou polivalentes. Graças às minuciosas análises da fisiologia, diferencia-se o atleta que tem como ponto forte a velocidade em detrimento da resistência – ou vice-versa – daquele que tem como ponto nem tão forte – mas também nem tão fraco – a velocidade e a resistência.

Também, sabe-se, por exemplo, que atacantes e zagueiros, apesar de jogarem em função um do outro, tem comportamentos totalmente distintos em campo. Enquanto quem ataca apresenta os maiores índices de piques durante o jogo, quem defende aparece em último lugar neste quesito. Assim, o bordão de que “zagueiros não perseguem atacantes; são estes quem se desvencilham dos defensores” é endossado pelas análises da fisiologia.

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