ISSN 2359-5191

13/12/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 26 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Paca, tatu... e cotia utilizam estradas para se locomover em estação ecológica

São Paulo (AUN - USP) - A dissertação “Diversidade e padrões de atividade de mamíferos de médio e grande porte na Estação Ecológica de Itirapina”, defendida por Alexandro Marques Tozetti, fez uma correlação entre a característica da vegetação e a ocorrência dos animais, buscando descobrir a preferência deles por algum sub ambiente, como as espécies se deslocam no ambiente, a atividade e as preferências por busca de comida ao longo do ano.

Os dados foram coletados por um período de 13 meses. O trabalho realizado com a comunidade de mamíferos da região, como é trabalhoso fazer o acompanhamento de mamíferos, quanto maior o animal, menor é o número de indivíduos e a área de vida costuma ser grande, encontra-los é raro. A estratégia utilizada foi o de identificar as pegadas, que é o método mais barato, simples e eficiente, visto que Tozetti tinha pouco tempo para uma coleta mais extensa e apurada de dados.

“Então eu tinha delimitado áreas em aceiros, que são construídos para barrar o fogo, que é muito comum, seja natural ou não” explica Tozetti. Os funcionários do parque, que fazem o manejo da estação ecológica, passam com tratores criando os aceiros e que também servem de estradas. “E os animais usam bastante! Então eu delimitei três trechos, de 500m cada um, em ambientes diferentes. Tendo a possibilidade de fazer amostragem equivalente em ambientes diferentes e comparar em quais ambientes, quais animais eram mais freqüentes”.

O cerrado tem duas estações diferentes e bem marcadas, uma seca e uma chuvosa, e isso causa uma adaptação em muitos animais e vegetais, cujos comportamentos variam conforme a sazonalidade. “A estação seca tem menos água, menos reprodução de insetos, menos folhas verdes e, com isso um animal insetívoro, folhívoro ou que se alimenta de brotos talvez tenha que se movimentar mais a procura de alimento. Ou então o animal pode se dirigir para regiões onde há concentração de alimentos qualquer outro recurso que precise” complementa.

Uma conclusão foi a confirmação de que os animais utilizam intensamente as estradas humanas, principalmente os grandes mamíferos, pois enfrentam menos obstáculos ao deslocamento. Nesse trabalho foi possível medir a intensidade com que isso acontece, mesmo com animais de médio porte. É muito comum encontrar principalmente tatus andando por essas estradas, em uma situação em que se expõem a ataques de predadores, como o lobo-guará. A observação das pegadas indicou que, apesar do grande número de animais que apenas cruzavam os aceiros, era muito mais comum os animais seguirem ao longo do caminho.

Outra conclusão foi o maior deslocamento de animais na estação chuvosa, do que na estação seca. Além da associação de algumas espécies a algumas formações vegetais. Tatu peba, lobo-guará estão mais associados ao cerrado aberto. Enquanto que os veados, cachorro do mato, tatu galinha estão mais associados as matas de galerias e ao cerradão. A pesquisa foi feita na Estação Ecológica de Itirapina, localizada entre os municípios de Brotas e Itirapina. Ela apresenta uma fisionomia de cerrado bastante aberto, e que não é comum no País, onde predominam formações vegetais mais fechadas, conhecidas por cerradões. É uma das ultimas porções de campo aberto do cerrado no estado de São Paulo. O trabalho faz parte do projeto “Ecologia do cerrado de Itirapina” que é coordenado pelo Professor Marcio Martins, e está atrelado a um projeto temático de Fapesp intitulado “História Natural, Ecologia e Evolução de vertebrados Brasileiros”.

Mais informações: www.eco.ib.br/labvert/Siteitirapina/iti.htm

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