ISSN 2359-5191

19/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 101 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Estudos Avançados
Pesquisadores acreditam em mudança de mentalidade social para superar problemas da mobilidade urbana
Mario Sergio Salerno e Roberto Marx apresentam alternativas para contornar problemas da fluidez dos veículos de transporte

Problemáticas relacionadas as novas tecnologias de motorização e os desafios da mobilidade urbana foram apresentadas por estudiosos do Instituto de Estudos Avançados. A questão encontra-se em pauta nesse semestre devido aos protestos de junho e à implantação operação “Dá licença para o ônibus”, da Gestão Fernando Haddad. Mario Sergio Salerno, da Engenharia de Produção, e Roberto Marx, ambos da Engenharia de Produção na Escola Politécnica, discutiram a capacidade do Brasil em fornecer produtos inovadores, quais as respostas tem sido apresentadas pelos governantes e o que precisa ser feito para que a mobilidade melhore no país.

De acordo com os pesquisadores, em 2013, o mercado automotivo foi quarto maior em vendas no país e a perspectiva é que o número da frota em cidades menores aumente. Esses dados contrastam com a problemática da mobilidade urbana defasada, presente em boa parte das capitais brasileiras. Os pesquisadores ressaltam que questões tecnológicas, somente, não resolvem a questão. Deve haver também uma mudança de mentalidade social para que o número de carros comece a decrescer. A prioridade ao transporte público, forte no plano de governo de Fernando Haddad graças a implantação de novos corredores de ônibus em São Paulo, foi evidenciada como uma mudança importante, o gatilho para que exista uma mudança de mentalidade, já que “pressupostos que norteiam as decisões, liderados em nível de governo são fundamentais”, segundo Marx.

Quanto a questão tecnológica e do setor automobilístico, Roberto Marx ressaltou a importância de veículos menores e mais eficientes. Sob essa ótica, apontou mudanças como diminuição do tamanho de carros e seus componentes, ressurgimento dos veículos elétricos ou híbricos, melhora dos motores a combustão interna (o que melhora o uso do etanol) e uso de mais componentes eletrônicos na composição dos carros. Deve haver também uma frente para se pensar quais produtos devem ser desenvolvidos e colocados no mercado, para atender a esse propósito.

Marx explanou também que iniciativas interessantes se focam na questão do uso e não da produção e mostrou exemplos de outros países, como Londres, que vale-se de pedágio urbano - que consistem em motoristas pagarem uma certa taxa onde há muito congestionamento. A marca alemã Mercedez-Bens, na dianteira dessas iniciativas, deu início à operação Car2Go, que oferece o compartilhamento de veículos (car sharing) na Europa e nos Estados Unidos.

Relacionado à questão da mobilidade, a Universidade de São Paulo, pela Escola Politécnica, vem desenvolvendo o Projeto Tribloflex, coordenado pelo professor Amilton Sinatora, da Engenharia Mecânica. O estudo visa usar melhorar o aproveitamento dos motores em geral, incluindo os dos veículos de transporte. O projeto aplica conceitos da tribologia, área da física que estuda os fenômenos do atrito, desgaste e a lubrificação de superfícies, buscando melhor entendimento desses fenômenos em motores flex (aqueles que funcionam tanto a álcool quanto a gasolina). O enfoque do projeto está nas particularidades do efeito do álcool sobre dois tribossistemas dos motores: o sistema anel-lubrificante-cilindro e o sistema válvula-meio interfacial-sede de válvula. Com esta abordagem, o projeto terá um caráter pré-comercializável, além de um forte componente de formação de pessoal com conhecimentos em tribologia de motores de combustão interna, capazes de apoiar o desenvolvimento sustentado de tecnologias para motores que utilizem biocombustíveis. O projeto Tribloflex tem parceiros importantes, ligados diretamente com a questão da mobilidade urbana, como a Petrobrás, Fiat, Volkswagem, Renault, entre outros.

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