ISSN 2359-5191

29/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 108 - Saúde - Instituto de Pesquisas Energéticas
Superaquecimento do corpo ajuda a matar células do câncer

A hipertermia magnética é um tratamento alternativo na cura do câncer que se baseia no superaquecimento da região do tumor, facilitando a morte das células malignas. A pesquisadora Suelanny Carvalho da Silva do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) desenvolveu um material inovador para a aplicação desse processo.

A hipertermia em si, é um fenômeno como a febre mas que atinge temperaturas mais altas, acima de 40 graus. A febre é um mecanismo de defesa do corpo. A elevação da temperatura estimula o sistema imunológico e mata organismos estranhos. Quando o superaquecimento atinge a área do tumor, as células cancerígenas morrem enquanto as saudáveis são preservadas. O tratamento é indicado para casos iniciais de câncer e recomenda-se que ele seja feito em conjunto com outro tratamento para aumentar a eficácia e garantir a eliminação total do tumor.

Suelanny desenvolveu um material inovador para o tratamento de hipertermia. São nanopartículas magnéticas a base de prazeudímio-ferro-boro (Pr-Fe-B), sendo o Pr  também conhecido como terras raras. Suas propriedades magnéticas permitem  aos médico determinar exatamente em que região do corpo serão alocadas as partículas. Então, é aplicado um campo magnético que excita as nanopartículas e faz com que a região aqueça.

A temperatura varia de 41 à 43 ºC, de acordo com o efeito desejado pelos médicos. Ela atinge o calor suficiente para matar as células cancerígenas, no entanto as células saudáveis não são afetadas. Uma célula normal precisa de temperaturas de aproximadamente 47ºC para morrer, enquanto as células de um tumor são mais frágeis e suscetíveis ao superaquecimento. O tumor é necrosado sem prejudicar as células ao redor. Posteriormente o próprio corpo processa as células mortas e absorve suas estruturas.

O tratamento por hipertermia já acontece na Alemanha, mas ainda não é aplicado no Brasil. A tese desenvolvida pela brasileira Suelanny traz características inéditas no mundo todo. A diferença é que o material desenvolvido por ela é obtido através de um método físico, utilizando moagem de alta energia de ligas magnéticas de Pr-Fe-B. Esse material geralmente é usado para fabricação de imãs, por isso e pelas suas vantagens seu uso na medicina surpreende.

Na maioria das vezes, o material usado para aquecer a região do tumor, é obtido através de processos químicos com óxido de ferro. A grande vantagem da inovação desenvolvida por Suelanny é que seu material é mais estável e permite um melhor controle da temperatura.

O tratamento com hipertermina se dá de diversas formas. Uma delas é a perfusão, técnica em que se retira um pouco do sangue do paciente, essa amostra é aquecida e depois injetada na região do tumor. Outra técnica junta a hipertermia e a quimioterapia. A hipertermia é recomendada como tratamento auxiliar, portanto, ministrá-la com o medicamento de quimioterapia é o ideal. O medicamento pode ser associado às nanopartículas magnéticas de forma que, somente quando elas estiverem na região do tumor e sob a influência do campo magnético externo, o remédio será liberado.

Como a química só agirá na região desejada, essa técnica evita muitos efeitos colaterais da químioterapia, por exemplo, a queda de cabelos. Isso acontece, porque o os remédio de combate ao câncer agridem muitas células saudáveis pelo caminho até chegar ao tumor e com as nanopartículas e o tratamento de hipertermia, esse processo é evitado.

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