ISSN 2359-5191

10/02/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 124 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Vacina pode ser alternativa segura e eficaz no combate à cárie
Higienização adequada é essencial para prevenção de cáries

Cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP estão trabalhando em uma vacina contra a cárie que pode ser a solução mais segura e barata para prevenir esse que é o principal problema dentário atualmente. A cárie dental é uma doença que provoca a corrosão do esmalte dental por meio da produção de ácidos por bactérias presentes na boca. O surgimento de cáries depende não apenas da ação de bactérias na superfície do dente mas também à fatores externos como predisposição do indivíduo e dieta rica em açúcar. A vacina em desenvolvimento visa controlar a proliferação das bactérias causadoras da cárie, o Streptococcus mutans. A pesquisa está verificando diversas vias de imunização além da tradicional vacina subcutânea como a vacinação por via oral, nasal ou sublingual.

A responsável pela vacina, a pós-doutoranda do ICB Milene Batista, conta que existem duas fórmulas em testes: a primeira utiliza uma bactéria não patogênica para transportar o composto vacinal. Já a segunda é composta apenas de uma versão purificada de uma importante proteína da bactéria causadora da doença. O estudo está sendo conduzido há cerca de oito anos no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do ICB, comandado pelos professores Luís Carlos de Souza Ferreira e Rita de Cássia Café Ferreira. A vacina já foi analisada in vitro e os testes comprovaram sua eficácia. A fórmula está agora sendo experimentada em camundongos para depois ser utilizada em primatas e, finalmente, testada em humanos.

“A grande vantagem de usar uma bactéria não patogênica nessa vacina é que os efeitos colaterais da imunização são mínimos, uma vez que a bactéria introduzida no organismo não está relacionada a nenhuma doença”, conta Milene. O Bacillus subtilis, empregado como probiótico na indústria há muitos anos, foi a bactéria escolhida para a produção da vacina. O bacilo foi geneticamente modificado em laboratório para conter estruturas próprias da bactéria causadora da cárie, como a chamada proteína adesiva. Assim, após a imunização, as células do sistema imune criam anticorpos contra essa proteína específica, responsável por fixar a bactéria ao esmalte dental.

A outra vertente da vacina em desenvolvimento, composta apenas da proteína adesiva purificada, não utiliza a bactéria probiótica como veículo de transporte. Essa vertente pode ter ação mais rápida, segundo Milene, e se mostrar eficaz com um número de doses menor. No entanto, esta composição vacinal deve ser administrada da maneira tradicional, por meio de injeção subcutânea.

Diversas vias de imunização estão sendo testadas em laboratório porque, como explica a pesquisadora, “quanto mais vias forem testadas, maiores as chances de encontrarmos aquela que é mais eficaz em humanos”. Além disso, vacinas que não precisam de injeção para aplicação poderiam ser utilizadas em casa, o que facilitaria o uso e o acesso da população ao fármaco.

A cárie é causada pela ação combinada de três fatores por um tempo prolongado: a predisposição do indivíduo, a dieta rica em açúcar e as bactérias (Streptococcus mutans) do biofilme dental. Dentre esses fatores, o mais fácil de ser combatido é a bactéria, já que a predisposição do paciente pode envolver fatores genéticos e a dieta é difícil de ser alterada em larga escala. Além desse fatores, outro aspecto que contribui para o surgimento de cáries é a falta de higienização bucal adequada.  

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