ISSN 2359-5191

18/02/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 130 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Permanência do futebol nos jogos olímpicos ainda é discutida por COI e FIFA
Segundo pesquisador, organizações esportivas sempre disputaram controle da modalidade
Foto: Marcos Santos / USP Online

A tese de doutorado de Sérgio Settani Giglio, desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, busca analisar a permanência da modalidade futebol dentro dos Jogos Olímpicos e as disputas de poder que a envolve. A partir das histórias dos atletas do futebol brasileiro e documentos oficiais, o pesquisador explorou o contexto esportivo olímpico associado a  medições de força entre o COI (Comitê Olímpico Internacional) e a FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado).

Segundo Sérgio, sempre esteve em discussão a permanência ou não dessa modalidade na competição visto que as duas organizações, no decorrer do tempo, divergiam sobre a presença de atletas majoritariamente amadores ou a inclusão também dos remunerados.

O COI, formado em 1894, não permitia a participação de atletas profissionais, justificando que a  composição do evento somente com atletas amadores visava evitar a comercialização dos jogos e dos atletas.

Fundada em 1904, a FIFA iniciou suas atividades aceitando os termos olímpicos. Entretanto, em 1928, a instituição altera sua linha de ação e passa a afirmar que os atletas devem receber pela participação na competição, já que estão afastados de seu trabalho remunerado. Com as duas entidades em desacordo, é criada a Copa do Mundo de Futebol com primeira edição em 1930, no Uruguai.

Em 1936, o Futebol retorna às Olimpíadas sob as regras do COI. Nas décadas seguintes, o Brasil passa a participar da modalidade, enquanto a FIFA se posiciona a favor da permanência de sua modalidade nos jogos, já que a Copa do Mundo ainda estava em busca de uma identidade, que foi reforçada apenas na edição de 1950.

O pesquisador destaca que para firmar a nova competição como a mais importante do esporte, a federação impede que os jogadores que participaram do campeonato de 1958 estejam nos jogos olímpicos seguintes. Nesse caso, o Brasil foi afetado com a exclusão de Pelé de sua delegação.

A partir de 1984, o COI determinou que os profissionais poderiam atuar em todos os esportes das Olimpíadas. No futebol, em 1988, ficou estipulado que apenas jogadores de até 23 anos seriam convocados. Segundo o pesquisador, essa era uma estratégia para restringir, à Copa do Mundo, os grandes atletas, que atingiam seu auge após esse limiar.

No regulamento atual, apenas três jogadores com 24 anos ou mais podem competir nos Jogos Olímpicos, o que ainda reflete a preferência da Federação pela Copa. A entidade deixa isso bem claro ao divulgar em seu site um ranking de prioridades em relação à competições e à carreira de seus esportistas.

Percepções extras

O pesquisador também concluiu, através de análises e documentos, que o fato de a maioria dos indivíduos que compõem essas organizações serem de origem Europeia pode ter influenciado suas decisões. Ele cita como exemplo os jogos de 1936, com uma partida entre Peru e Áustria durante os Jogos de Berlim, conhecidos como os Jogos de Hitler, no qual o time sulamericano havia vencido e a outra equipe entrou com recurso, conquistando a anulação do jogo. O Peru se recusou a repeti-lo, o que representou um grande protesto principalmente considerando a situação da política mundial naquela época.

As edições dos Jogos Olímpicos e Copa do Mundo, que ocorrerão no Brasil, não são os únicos alvos de protestos. Algo semelhante ocorreu no México, em 1968, e outras ocasiões, como na década de 70 em função do Apartheid africano. Sérgio afirma que “o governo atual não consegue aprender com os erros de outros países para que não sejam cometidos também aqui”, a repressão mexicana aconteceu com extrema violência o que vem se repetindo no País. 

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