ISSN 2359-5191

21/02/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 133 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Nordestinos tendem a manter sotaque após migrarem para São Paulo
Obra Folclore Nordestino de Militão dos Santos - Artista Plástico Nordestino

Apesar de envolverem-se em diferentes graus com a sociedade paulistana, nordestinos que migraram para a maior capital do Brasil se esforçam por manter suas identidades, e isso se mostra através da manutenção, em variados graus, de características do dialeto falado de seu lugar de origem. Esta foi a conclusão a que chegou a pesquisa feita por Cristina Benini Gimenes Fouquet para sua dissertação de mestrado, entregue ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).

Em seu trabalho “A influência no dialeto nordestino frente ao dialeto paulista”, a pesquisadora entrevistou 12 residentes da capital paulista, oriundos de diversas regiões do Nordeste brasileiro e cuja migração se passou há pelo menos cinco anos. Considerando fatores extralinguísticos, tais como estados de origem, gênero, faixa etária, ocupação e escolaridade, a pesquisa revelou que os grupos de migrantes da região nordeste, em geral, tendem a preservar os acentos de seus dialetos originais de maneira mais frequente e incisiva do que se esperava.

O estudo baseou suas conclusões basicamente nas variações das pronuncias das letras [d] e [t]. Os dialetos originais dos migrantes nordestinos pronunciam as duas consoantes com a chamada oclusão dental ou com a africada palato-alveolar quando precedem a vogal [i], enquanto o dialeto paulista as pronunciam com a chamada palatização.

“O que se pode notar foi uma nítida predominância das oclusivas dentais, o que foi de certa forma surpreendente, já que todos os entrevistados moravam em São Paulo há pelo menos cinco anos. Nossa expectativa era encontrar fortes indícios de palatização”, diz Cristina. Através dos dados coletados, a pesquisadora afirma que a razão para isso é a tentativa de manutenção de suas identidades, somada a uma menor disparidade socio-econômica entre as duas regiões observada atualmente. “São Paulo já não é um polo tão importante. O nordeste está se reerguendo e com a instalação de muitas indústrias multinacionais, as reestruturações dos setores hoteleiros e turísticos têm mantido o nordestino em suas terras natais”, completa.

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