ISSN 2359-5191

11/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 04 - Sociedade - Faculdade de Odontologia
Odontologia Legal atua em guerra na identificação de corpos

São Paulo (AUN - USP) - A identificação de mortos através da estrutura dentária permanece, mesmo em tempos de grande avanço da tecnologia genética, como método principal de reconhecimento dos cadáveres. Em casos de guerras como a do Iraque, por exemplo, esse método ainda é tido como mais vantajoso devido ao seu custo inferior e eficácia similar ao método de identificação genética.

Segundo o professor Rogério Oliveira, do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia da USP, a técnica de identificação de corpos por arcada dentária foi muito utilizada durante a Guerra do Golfo, em 1991, e a Guerra de Kosovo em 1999. Segundo ele, esse método odontológico é mais acessível do que a técnica de DNA: “Quando não se consegue resolver a identificação pelos métodos tradicionais, se recorre ao DNA, mas esses casos são minoria”, diz.

O professor conta que o reconhecimento odontológico é mais utilizado que os outros métodos de identificação, tais como verificação de ossatura, sangue etc, pois é mais provável que uma boa parte da população tenha passado pelo dentista e feito um registro dos dentes, do que se encaminhado ao hospital para fazer radiografias ou hemogramas.

De acordo com Rogério, existem, na verdade, dois tipos de identificação: a geral e a individual. A geral é muito utilizada em situações como as da guerra do Iraque, onde se encontram grandes quantidades de corpos carbonizados. É uma etapa em que se verifica se o material encontrado é realmente humano, qual seu sexo (através de medidas de ossatura), qual sua estatura, idade. Nesse caso, os parâmetros mais utilizados são os de antropometria dos ossos.

Passada a identificação geral, inicia-se o trabalho de reconhecimento individual do corpo. Para tanto são necessários parâmetros anteriores à morte do indivíduo, como sua estrutura dentária, geralmente oferecidos pela família do morto. Tendo em mãos esse material é possível realizar a técnica em três etapas: primeiramente se realiza um levantamento de dados sobre o corpo a ser analisado. Após esse levantamento, se faz uma ordenação das informações coletadas para, por fim, comparar com os dados antemorten trazidos pela família.

Rogério explica que, para confirmar o reconhecimento, não podem existir pontos de divergência entre o corpo do indivíduo e o material apresentado pela família, por exemplo: quando o morto possui todos os dentes, e o documento anterior mostra que existem alguns dentes faltando, a identificação é negada.

Apesar de ter alguns empecilhos, como a interferência direta do meio ambiente e a necessidade de informações anteriores à morte do indivíduo, a técnica de identificação por arcada dentária ainda é mais acessível e mais utilizada do que a identificação via DNA, principalmente em eventos com grande número de mortos, como a atual Guerra do Iraque. Os soldados americanos ainda podem se dar ao luxo de utilizar o reconhecimento via DNA, uma vez que, de acordo com Rogério, foi feita uma tipagem genética dos soldados antes do embarque para o Iraque. Já a população civil e os soldado iraquianos não contam com os mesmos recursos.

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