ISSN 2359-5191

11/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 04 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Atletas se transformam em arquétipos

São Paulo (AUN - USP) - O arquétipo jungiano do herói está intimamente ligado ao esporte. É aquilo que os atletas representam no inconsciente coletivo dos homens. Segundo a professora Kátia Rubio, do Departamento de Esportes da EFEE-USP, que trabalha na área há seis anos e atualmente desenvolve pesquisa sobre os heróis olímpicos brasileiros, o atleta “assume a forma do arquétipo do Herói quando se perpetua ao longo do tempo”, permanecendo assim no imaginário das pessoas como um homem que supera os limites.

Esses limites são tanto individuais quanto impostos pela sociedade. Os individuais são a luta do homem contra si mesmo, contra sua resistência, sua força, seu fôlego, sua velocidade, sua astúcia. Os impostos são aqueles de natureza social, como miséria, pobreza e falta de estrutura. Exemplos disso são “atletas como Joaquim Cruz, que treinava descalço por não ter dinheiro para comprar tênis”, mas superou os obstáculos e chegou às Olimpíadas, “o auge da realização pessoal do atleta”.

Com isso, as pessoas se projetam nos atletas-heróis, tanto no plano individual (da auto-superação) quanto no plano social (do reconhecimento que eles obtêm com a superação).

“Mas há também os atletas que vivem na condição pós-moderna de um simulacro, que são aqueles que atingem seus 15 minutos de fama mas não chegam à condição de arquétipos”, conta Kátia.

O atleta se torna um atleta-herói principalmente quando, assim como no mito do herói, ele completa um círculo: Chamado-iniciação-retorno.

O chamado ocorre no momento em que a pessoa percebe que o desafio do esporte é mais forte do que a segurança da vida que ela leva na sua comunidade. Kátia exemplifica: “É o que fez a Paula sair da casa dos pais aos 11 anos para jogar basquete”.

A iniciação é o contínuo processo de superação dos desafios e limites do atleta, que o levará ou não à consagração.

Por fim, o retorno é a “capacidade do atleta de compartilhar os ganhos da jornada com sua comunidade, como a ONG que Joaquim Cruz comanda para levar tênis às pessoas que querem treinar e não têm dinheiro para comprar”, completa Kátia.

Dessa forma, alguns atletas - como Pelé, Ayrton Senna e Adhemar Ferreira da Silva - que já são protagonistas do fenômeno social do esporte, assumem a forma de lendas quase perpétuas.

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